Carlinhos Lima
"A pílula da felicidade"
Em certo reino distante havia uma comunidade de pessoas que viviam muito felizes. Pois seus cientistas havia descoberto a pílula da felicidade.
Não se via se quer, naquela comunidade, alguém que vivesse triste. Em qualquer momento e em qualquer lugar a felicidade, ali, reinava soberanamente.
Seus cientistas esbanjavam orgulho pela tão nobre descoberta que legaram a seu povo.
Vez e outra, eram homenageadas em praça pública pelo grande feito que mudara significativamente a vida daquela pacata comunidade.
Tanto os hospitais e como também as delegacias permaneciam sempre vazias. Nem mais se lembravam do último boletim de ocorrência nesses setores.
Era visível o clima de felicidade naquela distante comunidade. Muitos de seus moradores a consideravam como o Jardim do Édem ou até mesmo como o Paraíso prometido.
Vozes de desespero ecoavam pelo corredor daquele discreto laboratório. Um senhor bonachão, de olhos esbugalhados, balbuciava frases desconexas como a querer denunciar grave acontecimento. De seus lábios trêmulos e arroxeados pode-se apanas ouvir:
-A...má...qui...na..que..brou!!
Nenhuma notícia poderia ser mais devastadora do que aquela revelada pelo apavorado cientista.
Fôra tentado todo tipo de conserto para arrumar a máquina. Porém, todo esforço tinha sido em vão.
O que os cientistas mais temiam já tinha ocorrido. A notícia do enguiço da máquina de produzir a pílula da felicidade já havia se espalhado feito praga por todo região.
Em pouco tempo o pânico tomara conta de seus habitantes. Filas enormes se formaram por todos estabelecimentos que vendiam a pílula.
Pessoas se estranhavam e chegavam a ponto de se esbofetear por um lugarzinho na fila.
Não faltou também os oportunistas de última hora, que diante daquele quadro de calamidade, aproveitavam para engorgar ainda mais os seus cofres.
O desespero pairava como imensa nuvem escura sobre toda a comunidade. A felicidade de antes, havia sido subistituída por uma malâcolia inexplicável.
Já não se via mais pelas ruas os faustos sorrisos e aquela estranha sensação de euforia. A apatia e o desleixo começavam a aparecer nos lares e praças, dando ao lugar um certo aspecto sombrio.
A pílula da felicidade havia sumido das prateleiras.
A comunidade definhava a olho nú.
-Vovô e o que aconteceu depois com o povo da comunidade?
-Viveram por muito tempo num clima de tristeza e de melâcolia. Mas disseram que um certo anjo, descido das alturas, baixou por aquelas bandas e começou a ensinar seus moradores a ser feliz sem precisar de pílula alguma. Mostrou-lhes que a felicidade já estava dentro do coração de cada um e que bastava apenas despertá-la. Com o tempo eles retomaram a vida e viveram felizes para sempre!