Carla Madeira

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E o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro. O amor não passa de um gostar de muitos verbos ao mesmo tempo.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

O amor tem nome, mas não é nada que a gente possa reconhecer só de olhar.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

É preciso uma coincidência qualquer para que o amor se instale. Existe um certo milagre nos encontros. Não é tolo dizer que o amor é sagrado.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

O amor, quando nasce forte, tem pressa de ser eterno. Nem se dá conta de que é carne úmida.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

Tudo passa, você vai ver, tudo passa. Ela tinha razão. A vida dá um jeito de manter a gente vivo mesmo quando a gente morre de dor.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

A gente passa a vida pelejando com o dilema de existir ou desistir, com o que é bom e o que é ruim, o certo e o errado, a morte e a vida. Essas coisas não se separam. O lugar que dói é o mesmo que sente arrepios.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

O amor não é incondicional coisa nenhuma, tem suas fragilidades de matéria orgânica. Estraga, esgarça, rasga, inflama, acaba. E como acaba. É feito gente, depende do que vive.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

São sempre enormes as coisas da infância, as maiores que teremos na vida, eu penso. As mais inesquecíveis. Talvez, as mais sentidas como verdadeiras. Passamos o resto do tempo atrás dessa sensação.

Carla Madeira
Véspera. Rio de Janeiro: Record, 2021.

Se há algum tipo de proveito em nossas pequenas tragédias é de nos repertoriar com um cardápio de empatias.

Carla Madeira
A natureza da mordida. Belo Horizonte: Quixote, 2018.

Mas saiba que dói quando a loucura passa. O intervalo da loucura é a verdadeira tortura. A lucidez é uma jaula.

Carla Madeira
A natureza da mordida. Belo Horizonte: Quixote, 2018.

A confirmação de uma suspeita é sempre um excesso de realidade.

Carla Madeira
Véspera. Rio de Janeiro: Record, 2021.

As palavras permitem todo tipo de realidade.

Carla Madeira
Véspera. Rio de Janeiro: Record, 2021.
Inserida por pensador

Não há consolo em dizer que o que nos acontece, nos acontece. Parte fazemos, parte nos fazem. Às vezes, é preciso ir longe para chegar vindo de trás e alcançar a véspera da véspera da véspera do acontecimento. O momento preciso em que tomamos ou somos tomados por uma direção e um belo dia… ou um triste dia, somos o que somos.

Carla Madeira
Véspera. Rio de Janeiro: Record, 2021.

Há verdades íntimas demais para serem aceitas em público. Todos sabem. Todos fingem não saber.

Carla Madeira
Véspera. Rio de Janeiro: Record, 2021.

O pior de nós tem seus encantos. Somos feitos do bom e do ruim em porções imprevisíveis.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

A morte põe um olho no passado e outro no futuro e deixa a gente cego na hora, no encontro do que foi e do que será, na tortura do que poderia ter sido. Impõe o desespero do definitivo, trava os movimentos. Embrulha o estômago indigesta. Faz frio nos ossos. A morte é vida intensa demais para quem fica.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

O que mais existe no mundo são pessoas que nunca vão se conhecer. Nasceram em um lugar distante, e o acaso não fará com que se cruzem. Um desperdício. Muitos desses encontros destinados a não acontecer poderiam ter sido arrebatadores.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

A maior maldade de todos os tempos, a mais cruel, foi inventar que o sofrimento está para o bem assim como o prazer está para o mal.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

Um dia feliz tem mais poder que a tristeza de uma vida inteira. Nele moram as reviravoltas.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

A liberdade é uma conversa fiada, é palavra de efeito, sempre no meio de uma frase para impressionar os desatentos, no fundo estamos presos à incapacidade de ser outra coisa diferente do que somos, do que a história da gente tramou.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.
Inserida por pensador

Tudo ia se ajeitar, o tempo nunca falha em suas habilidades.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.

O que mais existe no mundo são pessoas que nunca vão se conhecer. Nasceram em um lugar distante, e o acaso não fará com que se cruzem. Um desperdício. Muitos desses encontros destinados a não acontecer poderiam ter sido arrebatadores. Por afinidade, por atração que não se explica, por força das circunstâncias, por químicas ocultas, quem pode saber? Quanto amor se perde nessa falta de sincronia. Não é preciso ir longe, alguém pode passar pela esquerda enquanto olhamos distraídos para a direita. Por um triz o paralelo nos obriga ao desencontro eterno. É preciso uma coincidência qualquer para que o amor se instale. Existe um certo milagre nos encontros. Não é tolo dizer que o amor é sagrado.

Carla Madeira
Tudo é rio. Rio de Janeiro: Record, 2021.
Inserida por guilhermegg

⁠Naquele momento em que o opaco ganhou transparência, deixou ver o que tinha sido.

⁠A alma não se rende ao desespero sem haver esgotado todas as ilusões.

Carla Madeira
A natureza da mordida. Belo Horizonte: Quixote, 2018.
Inserida por pensador

⁠A vida não é de confiança, nos apunhala com a mesma faca com que passa manteiga.

Carla Madeira
A natureza da mordida. Belo Horizonte: Quixote, 2018.
Inserida por pensador