Camila Heloíse
Muito obrigada!Pelo copo trincado, pelo vento soprado, pelo coração despedaçado!
Obrigada por tentar colar os cacos que você quebrou, por tentar esquecer os medos que você plantou e diminuir o sofrimento que você causou!
Obrigada por esta força invisível que você libera dos teus olhos quase que sinceros, pelo cheiro quase que verdadeiro, pela fé, quase que solúvel!
Obrigada, muito obrigado, por minuciosamente planejar a maneira mais eficaz de destruir meu coração, pela inteligência em não deixar caminhos ou saídas de emergência, por não me deixar escolha, obrigado!
Por me tornar mais humana, mais fria e calculista, por fazer de mim esta mulher hoje sem sentidos ou sentimentos tolos, por me lembrar todos os dias olhando estas cicatrizes que somente os fracos se preocupam, os tolos se questionam.
Obrigada por fazer de mim esta constante dúvida, este eterno ceticismo!
Muito obrigada, pela coragem de me torturar silenciosamente, pela audácia com que hoje se arrepende e a facilidade com que consegues deitar na cama e dormir!
Agradeço profundamente por me mostrar que sonhos são só bobagens, que não existem verdades boas, que tudo dura somente o tempo necessário para partir e te deixar vazio...
Que esta chama coberta de valores podres que exala do seu corpo e te mantém vivo permaneça nesta casca, te faça perceber que a maior maldade é aquela arremessada ao vento, tornando-se pó nos olhos alheios.
Não é por só poder comida sem tempero, não é por ter que beber água o tempo inteiro, é a saudade do teu riso gigante, do teu cheiro de banho, da tua alma escancarada no prazer de viver. É saudade de você...
Entende vai, o fim das coisas, é só mesmo o fim das coisas. E você não precisa ficar se contorcendo como se aquilo que acabou tivesse te arrancado um braço, uma perna ou qualquer outra coisa
Volta pra casa, arruma sua cama que ta com aquele cheiro de gente doente que não levanta faz tempo. Joga fora aquele bilhete guardado na agenda, joga fora a maldita teimosia e abre a janela pra respirar.
Tudo ao meu redor tem seu cheiro. É como se o universo me obrigasse a lembrar o tempo todo daquele que me esqueceu.
Desta vez não vem embalado, nesta data querida tenho apenas coisas que desejo para você.
Desejo, em primeiro lugar que você nunca pare. Porque parar faz a gente se esquecer de onde estava indo e retroceder. Retroceder faz voltar para um lugar que não existe mais. Resgatando pessoas que não são mais o que eram, trazendo dor.
Desejo que você agradeça sempre pela sua boca de beijo sabor menta. Que você tenha a capacidade de parar de falar antes de encontrar a ladeira das palavras que levam à ofensa.
Quero um relógio quebrado, pra bagunçar as horas e entrar em sintonia com meu coração bagunçado, pra então fazer sentido, pra eu não fazer mais nada no tempo errado.
Eu me queria de volta mesmo que fosse doer, mesmo que fosse fazer pensar que na verdade eu poderia ser todas as coisas do mundo. Queria de volta poder chorar, mesmo que não parasse nunca mais, mesmo que não fizesse parar de doer ou que virasse escudo, contra todas as coisas do mundo que me roubam todos os dias, pra eu ser aquilo que não sou, sem poder escolher.
Quando for passar aqui em casa, se lembre de pegar, algo que não vai significar nossa separação, mas que estou precisando. Está empoeirado, em baixo da sua cama, uma coisa que também é minha e eu esqueci aí faz tempo...o meu coração.
"Porque, ainda que você não saiba, eu te amo em verdade. E, você não precisa me amar,
eu amo por nós dois!"
Na verdade não importa para qual direção você está olhando.
Olhos do coração nunca apontam a direção.
Eles são os únicos feitos não para ver, mas para sentir.
Aceitar não tem nada a ver com entender. Quem aceita é porque está cansado demais pra brigar hoje, mas amanhã é outro dia. Quem entende não precisa necessariamente aceitar, entender significa deitar o coração num colchão macio e parar de se machucar
O cara mais livre do mundo
O amor era amargo, mas não doía. Era saber que ele nunca ligaria, mas apareceria pra aguentar meu corpo cheio de cicatrizes e evitar comentários infelizes sobre o dia. Era nunca ter rancor, não carregar tijolos e não lutar contra o invisível. Ia além das portas de igreja, anéis de compromisso e dos sonhos de família, porque era presente, existia enquanto pulsava estrondoso na hora, não tinha pretensões. Não tinha escolha.
É por isso que hoje eu entendo que essa coisa – o amor, vai além das declarações e das flores em datas especiais. É compaixão e sinceridade. É querer sem possuir, e aceitar (com franqueza) quando alguém não está pronto.
Eu e Ele
Nós dois, que coisa engraçada. Nos damos bem, divertimos, damos risadas. Arrastamos durante a tarde – dúvidas, incertezas, desejos e farpas. Quase nos engolimos, quase nos despimos. E de ciúme eu quase morro, e de flores ele vem e me mata. E às vezes, dá uma tristeza, e, ainda que seja tão densa, não faz alarde. Não grita. Não chora. Não abre buracos...
Tristeza de quem já sabe sentir.
E eu preferia estar comendo qualquer coisa estragada e podre do que descobrir o que uma saudadezinha é capaz de fazer com o estômago da gente.
Que a felicidade, ainda que breve, possa ser bem desfrutada. E que as perguntas fiquem pra depois e não tenham tanta importância. Que o motivo para se estar feliz tenha o direito de ser banal. Tenha o direito de fazer chorar de rir e quando parar, começar de novo sem qualquer porquê. Que possamos fazer da gentileza uma característica mundial. Que seja nobre ser simples. Que possamos continuar errando e descobrindo como acertar na próxima. Que nossos desejos sejam livres. Que o choro ocupe menos tempo da nossa vida, molhe bem menos os nossos olhos, sufoque bem menos a nossa alma. Que o dia seguinte seja sempre um presente bonitinho embrulhado num papel convidativo. E que aqueles que não conseguem participar destas esperanças, aprendam.
Outro dia eu queria ser a tua namoradinha. E isso me soa tão brega que até me sinto leve. Querer isso não me parece mais vulgar. Não sei se é pra saber se a sua mão é mesmo quente ou se a sua boca cheira chiclete de menta e cigarro. Mas queria ser.
E foi embora com a desculpa de que eu era feliz demais. Agora dou risada o dobro, que é pra fazer mais sentido aquela partida.