Camila Fernandes de Souza (C.F.S)
MESTRE E APRENDIZ
Procuramos um mestre fora
Queremos ser um mestre para os outros
Mas mal percebemos que quando estamos querendo ensinar...
Alí está a nossa própria lição
Não existe separação do mestre para o aprendiz
Pois foi o verdadeiro mestre quem trouxe a lição
ESTENDA A SUA MÃO
Peregrino
Coloca teu coração para escutar
Faça dele os teus olhos
Não acredite na língua da ilusão...
Esse mundo é de pura mentira e contradição
Mas se acredita no falso
Vive na injustiça e sabe-se lá o que cultiva na sua plantação
Não seja inconsciente, pois a colheita é certeira meu irmão
Qualquer dia ela se apresenta
Bate à sua porta e não irá tão fácil embora
A caminhada é longa, as artimanhas são muitas neste chão
Porém nunca perderá em ouvir aquela voz dentro de ti e sempre que puder,
estenda a sua mão.
SOMOS MAIS QUE O DESVIO
A vida é um sopro
Somos mais do que sonhos
Somos mais do que a busca à felicidade
Somos mais do que a busca por um objetivo
Esse não é o mundo da Eternidade
Mas podemos vive-la em um milésimo de segundo
Somos o sopro
Somos o sonho
Somos a felicidade
Somos o próprio objetivo
Somos Amor
Todo o resto é desvio
TERRA ÚMIDA
Eu me sentia em plena terra úmida,
a própria lama.
Então, me descobri semente,
comecei a crescer.
Elevei-me para algo que não compreendia
e, quanto mais me elevava,
mais sentia a necessidade de usar aquela terra úmida.
Era como se aquela lama me nutrisse e me fizesse crescer.
Comecei a tomar forma.
Era caule, era folha.
E, quanto mais me elevava, mais sentia a necessidade
de usar aquela terra úmida.
Comecei a ter a sensação
de que existiam outras como eu,
na mesma situação.
Eu as via.
E nossas raízes, em meio àquela terra úmida,
apoiavam-se umas nas outras,
tão conectadas que nos percebíamos uma coisa só.
Éramos caule, éramos folha, éramos flor.
E a terra úmida começou a perder seu aspecto de lama.
Florescíamos juntas: eu e as outras.
Nossas pétalas cobriam a terra úmida com suas cores
e com um perfume que transcendia qualquer compreensão,
reverberando por quilômetros, a milhas de nós.
Éramos árvores.
Ou, talvez, continuações umas das outras.
Éramos caule, éramos folhas, éramos flores, éramos frutos,
firmes, naquela terra úmida, que nos nutria
de algo que nos elevava.
Nossos frutos doces nutriam as mais variadas espécies de seres
que propagavam nossas sementes
por mais milhas de distância,
estávamos em toda parte.
Éramos caule, éramos folhas, éramos flores, éramos frutos,
éramos Tudo.
E, nesse Tudo, éramos também o Nada,
nem semente, nem caule, nem folhas, nem flores, nem frutos.
Sem definição.
Por toda a parte.
Simplesmente éramos.