Calunga (Psicóloga)
Nínguém pode abrir mão do poder de escolha
Os nossos parentes, o pai, a mãe, os filhos: todos têm ligações. Os problemas que nos aparecem, nunca vêm sem motivo. É de fundamental importância para desenvolvermos e aplicarmos a paciência.
“- Ah, mas eu pelejo para ajudar esse parente meu. Há anos que eu sofro e não consigo.” “- É o filho que me dá problema... não ouve nada do que digo.”
Nós devemos aprender a conviver com as pessoas sem nos meter. Essa é uma das coisas mais difíceis para o ser humano. Principalmente nós, pais, por amor demais aos nossos filhos achamos que eles são um pedaço nosso e que por isso, temos o direito de dizer:
- “Você não pode ser assim”, “se você fizer isso vai sofrer muito”, “Você tem que mudar.”
Isso é um erro. Não se pode impor a própria realidade aos outros, nem aos filhos. Mesmo que seja com a perspectiva de salvar e de ajudar, sempre com boa intenção, o outro tem o direito de ir pelo caminho que ele escolheu e se deve compreender que esse é um direito que ele não abdicará.
Por isso, quanto mais se é impositor, menos a pessoa lhe escuta, por mais que se possa ter razão. As pessoa têm esse direito e vão exercê-lo quer você queira ou não.
Quando o ser humano quer impor, quando quer negar ao outro esse poder, essa liberdade, esse direito, o outro também se nega a ouvi-lo. Nega-se a seguir a sua orientação e nega o seu apoio, nem que isso lhe doa, porque ele não pode perder o seu direito de escolha.
Você, que impõe, que briga, que fica doutrinando, que fala, fala e deixa os filhos com as orelhas quentes, saiba que isso só serve para você exercitar o seu comando, que ainda está muito primitivo. As pessoas não funcionam quando queremos dominar a sua vontade, o seu direito natural, que é o de escolher e de fazer o que querem. Não adianta assustar, amedrontar os filhos: “- Eu ponho você na rua.” “Não dou mais dinheiro.” “Vou pôr você pra trabalhar.”
Essas ameaças só fazem com que a revolta cresça. E que o espírito viva à base do medo, ao invés de viver à base do entendimento, da compreensão, do porquê das coisas, de um ambiente saudável, com diálogos, sem rancores e raiva.
Não maltrate seus filhos podando suas vontades. Depois de certa idade, caros colegas, há coisas que não estão mais sob nosso controle. E nem devem estar. Cada ser humano é único, nossos filhos não são cópias nossas, não devem ser e por mais que nos doa admitir isso, eles não pertences a nós... são empréstimos de nosso Pai para que possamos criá-los da melhor forma possível e amá-los com todas as suas particularidades, seus defeitos e qualidades, respeitando-os como seres humanos únicos e livres que são, assim como nós.