Caio Rossan
Já nadei em maremotos, tomei banho em tempestades ácidas e agressivas, experimentei o calor do deserto ao meio-dia e a sua brisa gélida à noite.
Ás vezes eu me pergunto qual o significado do silêncio, e depois de tantas águas passadas prefiro, sinceramente, não imaginar nada. Quando simplesmente quer dizer algo a alguém não interessa qual é a resposta, se esta não condiz com suas expectativas ou é dissonante. Simplesmente o retorno não importa! Porque enquanto você puder dizer para a pessoa o que você sente, sem esperar algo em troca, sem esperanças ou más impressões, os sentimentos precisam ser ditos, já que estes são vivos, vibrantes e não se acostumam outrora com o silenciar próprio.
Não importa quão acidentado seja o terreno pelo qual você anda, não importam as pedras atiradas ou aquelas que naturalmente já estavam lá. Não importa quantas vezes rios foram vertidos em silêncio do leito dos olhos, como também não importa aquela dor que lhe consome. Não espere tranquilidade.
Não espere a bonança. Esta, quando vem, é tão momentânea... Mas não se esqueça que não há fardo que não possa ser carregado e que existe alguém que confiou em você. Alguém. Alguém.
É difícil notar o plano de Deus durante momentos tempestuosos. Mas o ouro se refina, o diamante aumenta seu valor. E você percebe que, lá atrás, tudo se tornou pequeno, mas teve o seu valor na caminhada do aprendizado. As pedras? Esmague-as.
Próximo de dias decisivos você se sente estranho, vazio, você se isola, você tenta disfarçar, você se cala, você não sabe se é bom falar, o que vale dizer, ou com quem dizer.
Tudo foi essencial para mostrar quem é quem, quem merece o que, quem sai e quem fica. Como numa peneira, os grãos indesejáveis são lançados fora e o que importa é a areia refinada.
Ás vezes parece que você está caminhando rumo a uma região distante e irreconhecível. Mas percebe que irreconhecível não é o caminho, são as pessoas que caminhavam ao seu lado. E você se torna irreconhecível.
Enquanto Morfeu não me embriaga, experimento o amargo do fel, o azedar do néctar. Quando se ama de verdade, às vezes é preciso soltar a ave, ansiosa por planar na amplidão. É impossível traçar seu caminho entre nuvens tempestuosas outrora céu azul anil límpido. Mas é preciso libertá-la da gaiola, vivendo na dúvida da perca para sempre ou do retorno para casa. Arrependimento inexistente por não podar-lhe a asa, o que seria uma atitude egoísta. Quando se ama, é preciso saber o momento em que se liberta. E o dono, entre aspas, nem tão dono, retorna a ave ao mundo que tanto sonhara. Ao encontro de outra ave. À espera que um dia, ela voe de volta ao ninho.
Não se importe com tais imundícies! Seja superior a isso. Não era fácil, não estava suportável, não. NÃO. Fardo, cravo, crisol. Purificação à cavalo. Antes sentimentalismo barato do que frigidez. Antes palavras certas nas horas certas do que sinceridade não acoplada à sabedoria. Que grosseria! Não espere reciprocidade. O vento não está levando embora, Renato, não está. E o que está indo embora com sutileza? O fôlego? E a vida perfeita? O garoto aceita negociação, reles mortais. Crueldade infantil, aquela que mais fere, afinal, são as crianças os seres mais maldosos. É, não suportam deixar feridas intocadas.
Viver intensamente não significa ser inconsequente.
Significa viver cada instante com a sensatez de quem tem apenas um dia.
Posso não ter me dado conta de que ferir seu ego fosse lhe causar sofrimento, mas você também se esqueceu de que eu tinha um.
Que o Futebol é a paixão nacional disso eu não tenho dúvida. Não tenho dúvida também que o que aconteceu com o Neymar ontem deu uma chacoalhada nos ânimos da brasileirada. Foi um sentimento estranho né? As pessoas colocam um peso tão grande sobre as costas de alguém e um dia essas costas quebram, que coisa, foi até literal. E esse sentimento estranho pode ser também de impunidade, os juízes, aqueles que detêm o poder sobre o jogo fazem o que querem, agem como bem entenderem, enxergam a falta onde não há, e em algumas situações até enxergam, mas se cegam, 'passam a mão na cabeça', distribuem cartões para quem não os merece. Esse 'sentimento estranho' é o reflexo do que acontece com o nosso mundo, a cada momento, em todos os setores em que vivemos, seja no seu trabalho ou no templo que você frequenta, seja na roda de colegas ou até entre sua família. A impunidade está aí, o mundo todo olhando para ela e ela, simplesmente, dando um 'xauzinho' de miss. É possível dizer também que essa 'revolta' que vemos na mídia (a mesma mídia omissa em tantos outros casos), no facebook, nas conversas em nossas casas, poderia ter uma porcentagem destinada a tantos outros exemplos de impunidade que temos visto por aí. Exemplos? Só se informar sobre a debilidade do sistema econômico, a decadência da saúde, a falta de segurança, os adoradores cada vez mais ávidos do jeito Lannister de ser (manipulações, egoísmo, arrogância, sede extrema pelo poder). É a cabeça das pessoas sendo alterada e ninguém está se dando conta disso. As pessoas não têm mais palavra. Elas olham nos seus olhos e mentem descaradamente. Estamos sob o domínio desses juízes. Onde estão os nossos valores? Esquecidos, como o sentimento estranho 24 horas depois.
- Caio Rossan, em 05 de julho de 2013.
#COPA2014 #OCAMPEÃOVOLTOU (E vamos pensar mais em outros aspectos, unidos não apenas no futebol. Que o campeão volte e acorde, pra valer!) #FORTESENTENDEM