Caio Marques
Ele chegou, se sentou. Não disse uma palavra sequer… abaixou a cabeça, entrelaçou os dedos. O silêncio era mais alto do que qualquer palavra…
— Então, porque você me chamou aqui?
Nenhuma palavra saia. A mão dele suava… deu pé estava batendo constantemente no chão. Nervosismo.
— É… é que… eu queria te dizer…
Ela já estava impaciente. Amarrou o cabelo, ficou meio desarrumado. Ele não se importava, achava lindo. Aliás não tinha nada nela que ele não gostasse. A não ser sua impaciência, que naquela situação, chegava a ser fofo.
— Fala garoto. Ok, se não era nada, já vou indo. Até amanha, no colégio.
— Não, não… espera. É que… Sabe… É eu acho que você já sabe, então…
— Sei do que? Não sei de nada não. Dá pra dizer rápido, tô ficando impaciente e curiosa.
Ele deu uma risada de canto.
— Tá bom, eu vou dizer de uma vez, porque eu não gosto de ficar enrolando as coisas e eu tô muito nervo…
— Anda cara, assim, você já tá enrolando!
— Eu te amo.
Ela ficou em silêncio, pensativa. Abaixou a cabeça. O cabelo amarrado se desfez naquele instante. Colocou as mãos nos bolsos. Ele estava pensando se tinha feito besteira ou não, por ter dito tudo assim, tão espontâneo… tão na cara.
— Você tem certeza disso?
— Porque você acha que eu te chamei aqui? Ontem, quando você tava saindo da escola com outro cara, a minha vontade era ir lá e te abraçar bem forte, e te dizer o quanto é ruim ver você com outra pessoa. Quando você dorme pensando em uma pessoa, quando você deixa de fazer tudo, tudo, por uma pessoa, quando você sorri só de lembrar do sorriso dela… O que você acha que eu sinto? Você acha que eu gosto de você? Gostar… Me soa tão… pouco. Pouco, pra você. Pouco, pro que eu sinto. Eu te amo, mais do que você pode imaginar, mais do que qualquer coisa. Tava estampado na minha cara, e só você não via.
Ela sorria, com os olhos cheio de lágrimas. Uma dose de felicidade se infiltrava…
— Você não faz ideia de como eu esperei por isso. Desde… sempre.