Café na porta

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Porque o que realmente importava cabia no sorriso dela, e nos risquinhos da iris dos olhos castanhos dele.

Lirio.
Nasceu, aparentemente igual as outras, com o mesmo destino também, passava os dias ninguém a notava ,
todos passavam e ela sem ninguém. De tão cansada suspirou, perdeu o equilibrio caiu no chão.
Não se sabe por quanto tempo ali ficou, até uma menina triste lhe colocar entre os cachos,
reconhecendo o seu valor.

- Trajetória de uma flor. -

Era tudo doce, feito o algodão da infância. Era tudo tão intenso, tão pálido, pequeno, quente.
E o frio, não havia. Não era um, eram dois, um dia quem sabe três, quatro, ou cinco com o cachorro.
Eram sorrisos, era poesia, música, fragância. Era acordar num domingo de sol, abrir a janela e ver o mar.
Era sorvete de limão em um dia quente de não se acabar mais. Eram filmes e mais filmes, e um edredon.
Pés em meia, mãos dadas, sorrisos. Era amor, eram amor. Sorriam. Eram saudade, dessas de não caber no peito.
Era festa, quando se viam. Eram dias nublados, que se ensolaravam com apenas um sorriso. Era café quentinho,
daquele de paçoca, na beira do rio. Eram fotografias, retratos em preto e branco, e coloridos de alegria.
Era vontade, de inexistir, olhando o céu cair, sobre si, e não sentir. Era não se importar, não se enraivecer.
Eram verdades ditas ao telefone, e abraços trocados depois. Era o tudo e o nada, o talvez e o também.
Era o conforto, o carinho, de saber que se tem alguém, para dividir a vida. Era uma vida inteira,
pra dois [e depois três, quatro ou cinco com o cachorro]. Era a vontade, de ser. E foram, não sei por quanto
tempo. Amor.

Au Revoir.
"Já é tarde amor
O último bar fechou as portas
Te levo pra casa, te coloco na cama
Um beijo na testa, um sorriso talvez
Vou embora, fecho a porta
A porta do teu amor no meu coração também
Ao acordar terá um bilhete de baixo de uma xícara de café
Com os dizeres: "Não me espere, não volto mais.
Au Revoir "

Já é tarde amor
Fingi que não vi você fechando a minha porta.
Fico rolando na cama até conseguir esquecer
Dormir, um sonho talvez
Vai embora, não quero mais esse cinismo, falso amor
Quando saíres terás um bilhete no bolso com os dizeres:
"Não me espere, não volto atrás.
Au revoir"

De volta.
Peço ao motorista para ir mais devagar, quero matar a saudade de cada rua, cada ponte, tento abraçar tudo com os olhos, quero absorver, observar.
Não tenho mais certeza quanto ao endereço, ainda bem que achei ao acaso escrito num pedaço borrado de papel, dentro de uma edição velha do meu livro favorito.
Agora não olho mais pra rua, tento disfarçar o nervosismo, tento acreditar na mentira de que o tempo não passou, que tudo ainda está no mesmo lugar.
O carro para, deixo de lado meus pensamentos mais íntimos, dou uma nota e digo que não preciso de troco, saio com as malas, o táxi parte e eu fico, parado.
O mundo girou e eu nem percebi, procuro as chaves no bolso, deixo as malas na porta e entro.
Não sei se é a saudade ou se é de verdade mas sinto aquele cheiro de café forte sendo coado, saio abrindo portas e janelas deixando a luz entrar, vou até a cozinha com a esperança de que ela esteja lá, não tem ninguém, o cheiro de café era fruto da saudade, ela foi embora dois anos antes, levou o cachorro e a velha TV.
Sento no balcão, ainda posso ouvir seus passos, continuo andando pela casa lembrando cenas antigas de um passado qualquer, vou ao quintal, o jardim continua florido e bem cuidado, corro para o portão sorrindo, tenho certeza que ela vai voltar.