Cacique Nailton Muniz Pataxó
Querem nos exterminar assim como tentaram com o povo Judeu.
Para muitos se pudessem nós indígenas não existiríamos.
O povo Judeu é considerado uma nação pequena e sofre preconceito até hoje.
A Tribo dos Judeus ao longo das décadas e gerações, se impõem e lutam por seus direitos,
Pergunto eu: porque nós indígenas deveríamos abrir mão dos nossos direitos?
Muitos tapam os ouvidos e fecham os olhos quando veem o mal que os invasores fazem nas terras indígenasquando tentam, abusar de nossas crianças, minerar, desmatar e explorar.
E somos sempre os errados quando tentamos revidar, para muitos temos que aceitar morrermos lentamente sem fazermos nada.
A uns anos atrás quando íamos às feiras levar o resultado de nossas plantações, para vender o resultado de nosso trabalho, diziam:
Lá vem os ladrões de terra venderem o que roubaram dos brancos.
muitos sempre foram covardes e ignorantes acerca de nós indígenas em suas afirmações
Um povo que não respeita seu passado, se envergonha de sua descendência, não se orgulha de suas raízes e não valoriza sua ancestralidade,
extingue sua própria voz e sua individualidade, eu valorizo a cultura do meu povo indígena e me orgulho de sua história.
Na Bahia, porque não dizer no Brasil,
Está cheia de parentes indígenas que omitem sua origem e ignoram por preconceito implantado pelos colonizadores nas identidades de seus pais lá atrás, equando nos vê lutando por nossos direitos, dizem:
Para que isso? índio é coisa do passado.
Já vi por várias vezes passarmos nas ruas e dizerem cochichando:
Olha lá, são índios, esse povo não presta. índio é bicho não é gente.
São muitos que batem palmas quando vêem morrer um indígena lutando por seu direito. Dizem assim: são invasores, eles que estão errados e merecem morrer, são preguiçosos para que precisam de terra?
Exploram nossa imagem, exploram nosso nome, exploram nossa história, exploram nosso povo, dizem que não somos índios, nos chamam de supostos índios, essa é a função da maioria do Agronegócio, dos garimpeiros, Criaram o movimento invasão zero, frente parlamentar invasão Zero para tentar nos extinguir de uma vez. Mataram covardemente minha irmã Nega Pataxó, feriram a mim e Cacique Aritanan com feridas de morte, balearam e espancaram vários de nosso povo e estão impunes andando por aí.
Nossos galhos foram cortados, nossos troncos derrubados
Sobrou as nossas raízes para brotar a esperança de que um dia poderemos ser libertos. Eles tramaram de nos matar e nos arrancar da face da terra, mas nós combinamos retomar pra existir, combinamos não morrer.
Quando se fala em índios no Brasil muitos só tem a visão de Amazonas
Ignoram que aqui na Bahia, Pedro Alves começou a invasão de nossas terras e celebrou a primeira missa em nossa terra.
Nós índios na Bahia sofremos muitos preconceitos, ele pode vir de muitos brancos ou de muitos descendentes indígenas por ignorância
Muitos dizem: meus avô e meus bisavós eram indígenas, meu tataravô e etc.. mas isso ficou no passado, eu não faço questão pela minha origem,
Vivo em outra época e a luta dos índios não é minha luta.
Caro parente, eu Cacique Nailton, penso que você pode ter direito a seguir o seu caminho, mas não se esqueça;
Um povo que não busca conhecer seu passado, que não compreende suas referências e suas origens, perde a chance de reparar seus erros históricos.
Valorize a origem de seus antepassados, a sua origem...
Tohé - Na Minha Aldeia Tem
Na minha aldeia tem
Beleza sem plantar
Eu tenho o arco, eu tenho a flecha
Eu tenho raiz para curar
Na minha aldeia tem
Beleza sem plantar
Eu tenho o arco, eu tenho a flecha
Eu tenho raiz para curar
Viva Jesus, viva Jesus, viva Jesus
Que nos veio trazer a luz
Viva Jesus, viva Jesus, viva Jesus
Que nos veio trazer a luz
Nós indígenas Pataxó Hãhãhãe estamos surpresos e indignados com o assassinato do nosso parente Terena Oziel, durante os excessos da ação policial repressiva que visou mais uma vez intimidar nossas comunidades e fazer prevalecer os interesses dos latifundiários invasores de nossas terras. Não podemos ser passivos, nem muito menos coniventes, com a conjuntura atual de tentativa de destituição de nossos direitos que foram assegurados constitucionalmente em 1988. Quantos anos de luta e de exploração, extorsão, expropriação e assassinatos nossos povos originários já sofrem. É inadmissível que após 500 anos de colonização, continuemos sendo tratados como meros empecilhos aos interesses de grupos políticos e econômicos de povos que invadiram nossas terras.
31 de maio de 2013.
De Nailton Pataxó para o Brasil
Expressamos nosso apoio à luta Terena, que é uma luta de todos os indígenas do Brasil. Estamos uns do lado dos outros, e queremos que nossos parentes saibam que podem contar com nossa força. Nossos guerreiros são seus guerreiros também. Faremos valer nossos direitos assegurados constitucionalmente, e não ficaremos parados enquanto tentam nos destituir dos espaços que conquistamos em cinco séculos de muita luta. Nós indígenas nos consideramos brasileiros, mas parece que este país, nas ações de seus políticos e das elites, nos vê apenas como obstáculo aos “interesses nacionais”. Não ficaremos passivos diante disto. Sabemos que o povo brasileiro decidiu nos respeitar como parte integrante desta nação, entendendo que nossas diferenças culturais e nossos espaços físicos, nossos territórios, devem ser respeitados. Sabemos claramente quem está tentando dar um golpe nas leis, e no próprio povo, para nos espoliar em sua ânsia de tomar até o último pedaço de Terra Indígena, e contra estes iremos lutar. Não precisamos do aval de ninguém para ocupar nossas terras, e sabemos muito bem quais são e onde estão. Não abriremos mão de mais nada, já permitimos demais.
Cacique Nailton Muniz Pataxó
31 de maio de 2013.
De Nailton Pataxó para o Brasil
**Oração de Proteção e Desabafo**
Oh, Grande Espírito, guardião das nossas tradições e protetor dos corações justos, venho diante de ti com o coração pesado e a alma ferida. Em tempos de luz e sombras, tenho confiado naqueles que caminham ao meu lado, amigos em quem depositei minha confiança, acreditando em suas palavras e em seus atos.
Mas eis que, como uma flecha no silêncio da noite, veio a traição. Aquele que partilhou do meu pão, que caminhou comigo em trilhas sagradas, levantou-se contra mim, espalhando mentiras e calúnias. Meu espírito está ferido, não pela ação dos inimigos, mas pelo veneno destilado por quem considerava irmão.
Grande Espírito, clamo por tua proteção. Guarda meu coração contra o rancor, que ele não se endureça pela dor da traição. Que eu possa perdoar aqueles que, por fraqueza ou maldade, se voltaram contra mim. Mas peço, com toda a força da minha alma, que tu afastes de mim as sombras da mentira, que protejas minha honra e minha integridade.
Que a verdade, como o sol nascente, ilumine todos os cantos, dissipando as trevas da calúnia. Que eu possa continuar a caminhar com a cabeça erguida, sabendo que em ti confio, e que em teu poder, a justiça prevalecerá.
Grande Espírito, que minha voz seja ouvida, não para pedir vingança, mas para que a verdade triunfe. Que eu seja forte, mesmo quando aqueles que deveriam ser meus aliados se tornam meus acusadores. Que eu encontre paz no meio da tempestade e que teu manto de proteção me cubra contra os perigos, visíveis e invisíveis.
Assim seja. Cacique Nailton Muniz Pataxó