BURLAN, Cristiano (1975 -)
Não vá, sem ti não existo, não crio, não respiro. Me envenenaste com a tua beleza, tu és o impacto entre a guerra e a paz, o duelo entre o belo e o feio. A mulher que abriu a caixa de pandora deixando para nós homens tolos somente a esperança, somente a esperança…
Eu não aguento mais essas pessoas que dizem que leram todos os livros, que assistiram a todos os filmes, que foram a todos os lugares e que conhecem todo mundo. Eu digo que não li nada, não assisti a nenhum filme, nunca viajei e não tenho amigos. Quem eu sou?
Todo aquele que sonhou algum dia passar por essa vida impune aos sofrimentos e amores que ela nos impõe perde-se em devaneios e esperança, metafísica de uma história mal contada, apenas vivam. E viva o poder da não fé.
Ainda sinto o cheiro dela! Parece que foi ontem e a dor ainda é presente… o passado é um fardo muito pesado que o homem tem que carregar até o fim de seus dias… Eu a amei de todas as maneiras possíveis e inimagináveis, e eu amei cada parte do corpo dela. Ela sorria como criança, todas essas lembranças me torturam e me sufocam. Eu sou um homem desesperado, sou um poeta da dor. O grito de um homem solitário e abandonado pelo seu amor que jamais será escutado por almas insignificantes. Não posso mais conviver com isso, ela é um fantasma presente nos meus passos lentos e amargurados. Seria capaz um dia de esquecê-la? Oh! Por que os deuses me lançaram tormento tão cruel como este, de viver sobre as pilastras de um amor perdido? (...) Nas noites mais frias, ainda ouço a sua música preferida
Eu não acredito em Deus! Se Deus existisse não teria arrancado de mim o único sentido que me fazia caminhar nesta existência tão triste que é a do homem sobre a face da terra. Nem o cavaleiro da Triste Figura sofreu tantos dissabores como eu. Eu sou um homem triste!
O seu amor é um sopro de vida na minha alma. O bardo escreveu certa vez que “há um mundo lá fora.” E eu vou lhe mostrar esse mundo, a vida é um espasmo e eu sou um sonhador apocalíptico. Morrerei cedo, sou uma vela que queima dos dois lados.
Eu tinha obsessão por ela, eu a perseguia, eu a sufocava, eu a protegia, ela era minha e de mais ninguém. A linha entre amor e loucura é muito tênue, a única coisa que nos diferencia dos outros animais é o desejo de não desejar, de não sentir mais dor. Como poderia eu saber, no animal que me transformaria, a ponto de matar a única razão da minha existência. A menina… Meu amor. Nasci em Sodoma e Gomorra e morrerei no esquecimento. Não mereço comiseração, agora eu vou até o fim, porque não há mais volta. Todos os homens somente se igualam no amor e na dor e há aqueles que não sentem, que não vivem e que somente vegetam a espera do dia de sua morte.
Meu amor, eu não queria lhe matar, só queria sua atenção. Oh! Meu Deus! Por que me deixaste fazer isso? As minhas lágrimas são amarguradas e o meu choro é silencioso, tanta dor e tanta tristeza vem do lado obscuro da vida, vem do instante em que nos sentimos totalmente sós. A solidão é o grande mal do século. Não quero ficar só… Volte a viver, que Odin te salve! Oh! Minha Carmem, me desculpe, me perdoe por ter lhe tirado a vida, nunca fui merecedor de seu amor, eu sou a pior espécie de homem, sou aquele que não ama o próximo, mas sim o desejo de amar alguém. Eu me odeio. Eu te amo e sempre te amarei.