Bruno Sousa, poeta
Não ames quem sou, mas quem eu fui
Soldado das altas terras frias
Nas noites tão ocultas dos dias
Crescendo e me tornando quem sou
Não ames quem fui, mas quem eu sou
Guerreiro que hoje se faz poeta
Da espada largou a sua meta
Mas viver sem ti é que eu não vou
Ao menos eu sei o que quero
Da vida já pouco que espero
Pois já só me resta o sentir
Tentando ignorar o meu amor
Por vezes até com o sorrir
É talvez ignorar a minha dor
Por vezes sinto falta do meu pai
Sempre valente e determinado
Um dia, também eu serei lembrado
O saudosismo vem e depois vai
As folhas platinadas vão caindo
Na gélida manhã do terno outono
Que me arrefece a alma e dá sono
E as minhas memórias vou sentindo
Se alguma vez foste injustiçada
ficarás certamente bem vingada
se alguém te fez sentir perdida
morderá sua língua de seguida
agora és somente contemplada
por todos bastante bajulada
Eu sei de todo o teu pensamento
pois sinto mesmo o teu sentimento
Apenas com a ponta dos dedos
tocando com toda a gentileza
na graça de toda essa pureza
me sentes tocar muito levemente
sentindo tua alma com firmeza
do mel que por ti flui suavemente
E toda a beleza que há na vida
por ti será decerto vivida
É apenas nesta realidade
Que tudo acontece de verdade
Este soneto escrevo só para ti
é algo que eu ainda não vivi
aqui vivemos os dois para sempre
um universo lindo eternamente
E os ventos levam minhas palavras
Por entre os mares e tempestades
O teu olhar felino inusitado
cabelos alisados com cuidado
a tua pele branca de candura
estátua perfeita, pulcra donzela
deitada numa cama de loucura
lençóis acetinados de paixão
assim conflagrando o meu coração
eu beijo-te a alma e todo teu ser