Bruno Simas Soares
Carta interna – escrita em silêncio
Eu não sei te explicar.
Eu não sei dizer exatamente por que ainda penso em você, por que ainda sinto, mesmo depois de tudo.
Depois do silêncio, da frieza, da forma como você terminou — como se eu fosse um nada.
Você sabe que me magoou. Sabe que me tratou de um jeito que ninguém merece ser tratado.
E mesmo assim… aqui estou eu.
Não porque sou fraco.
Mas porque o que eu senti foi verdadeiro.
Porque eu me entreguei de corpo e alma achando que do outro lado tinha algo tão intenso quanto.
Só que agora… eu fico tentando entender como você dorme tranquila sabendo que deixou um buraco em mim.
Como você consegue viver como se tudo fosse normal.
Eu não consigo.
E aí, no meio desse vazio, bate aquela vontade de te fazer sentir.
Sentir o que eu senti.
Voltar… conquistar de novo… te fazer se entregar… e então dizer:
“Agora sou eu que não posso mais.”
Mas sabe o que mais me dói?
É que isso nem me traria paz.
Porque eu não sou como você.
Eu nunca conseguiria machucar alguém que eu amei só pra equilibrar a balança.
A verdade é que eu só queria que tivesse sido diferente.
Que você tivesse tido coragem de olhar pra mim e dizer a verdade com o coração aberto.
Eu merecia, no mínimo, isso.
Talvez um dia você entenda o que perdeu.
Talvez não.
Mas eu sigo aqui, tentando reconstruir o que você quebrou.
Em silêncio.
Com dignidade.
E com um amor que, mesmo ferido, ainda sabe o que é respeito.
Chega uma hora em que a dor não grita mais — ela silencia.
Porque o coração cansou de correr atrás de quem não olha pra trás.
Eu lutei por algo verdadeiro.
Esperei. Aguentei calado. Fiz tudo o que podia.
E talvez até o que não devia.
Fui homem o bastante pra assumir minhas falhas…
mas nunca fui suficiente pra que ela quisesse ficar.
E tá tudo bem.
O que eu não aceito mais é me anular tentando reconquistar
alguém que não moveu um dedo pra me reencontrar.
Ela terminou.
Ela se afastou.
Ela escolheu seguir sem mim.
E eu?
Escolho agora me respeitar.
Escolho minha paz.
Escolho sair desse ciclo de espera que só desgasta e não leva a nada.
Não é orgulho.
É dignidade.
Se um dia ela quiser voltar…
vai ter que conhecer um novo eu —
alguém que não aceita mais migalhas,
que não se arrasta por presença,
e que sabe exatamente o valor que tem.
Fim de capítulo.
Não porque eu deixei de sentir…
Mas porque eu aprendi a me priorizar.
"Tem dias que é mais fácil lidar com animais…
Eles não mentem, não manipulam, não somem.
Eles sentem de verdade, demonstram lealdade.
Gente que não sabe amar com essa pureza…
cansa, fere e esgota."
**"Sou um paradoxo vivo.
Gosto de ser feliz, mas vivo invadido por pensamentos tristes.
Queria ser leve, mas me tornei denso — resultado de tudo que me quebrou ao longo do caminho.
Às vezes me faço de frio, de durão, de quem não liga.
Mas a verdade? Eu ligo. E ligo demais.
Me importo com coisas que ninguém vê. Sofro calado. Amo em silêncio.
Mesmo despedaçado, eu ajudo.
Mesmo sem respostas pra mim, tento dar força pros outros.
Mesmo sendo caos por dentro, ofereço abrigo por fora.
Sou feito de extremos:
Sol e tempestade.
Razão e emoção.
Silêncio e grito.
Sou um quebra-cabeça incompleto tentando se montar com peças que a vida levou.
Mas sigo aqui… buscando me entender, me aceitar, me reconstruir.
Não sei por onde começar, mas sei que ainda tô tentando.
E só isso… já diz muito sobre mim."**
CARTA INTERNA – “Sinto, mas não corro mais”
Eu não deixei de sentir.
Só deixei de correr atrás de quem não soube ficar.
Tem dias que dá vontade de mandar mensagem.
De perguntar como você está, se ainda pensa em mim.
Mas aí eu lembro…
que quem quer, procura.
Quem sente, mostra.
E você… escolheu o silêncio.
Não vou fingir que estou bem.
Tem horas que a saudade me engole.
Mas eu também aprendi a me olhar com mais carinho.
A entender que me perder tentando te alcançar… não é amor.
É abandono de mim.
Você pode até achar que estou indiferente.
Mas o que eu faço é guardar o que sinto com dignidade.
Porque se eu for falar…
não saem palavras.
Só lágrimas.
E se um dia você voltar…
vai ter que conquistar o que perdeu.
Porque quem vai estar aqui… não é mais o mesmo.
É alguém que se levantou do próprio silêncio…
e aprendeu a se priorizar.
CARTA DE UM HOMEM INVISÍVEL
Eu acordo todo dia cedo.
Mesmo cansado, mesmo sem ânimo, eu levanto.
Porque tem conta pra pagar, tem boca pra alimentar, tem dignidade que eu não quero perder — mesmo que o mundo tente me arrancar ela à força.
Trabalho duro.
Engulo sapo de chefe, de patrão, de cliente.
Sou cobrado como máquina, pago como lixo.
E no fim do mês, mal consigo comprar uma roupa pra mim. Nem um carro pra chamar de meu.
Enquanto isso…
Vejo político que roubou, mentiu, destruiu famílias… sendo aplaudido.
Vejo gente falsa, interesseira, mentirosa — crescendo, rindo, viajando.
E eu aqui… tentando ser honesto.
Tentando ser bom.
Só que ninguém vê.
Ninguém reconhece.
Quando você é homem, sente demais, sofre calado…
te chamam de fraco.
Mas fraco é quem finge ser forte pra esconder o vazio.
A verdade é que eu cansei.
Cansei de ser invisível.
Cansei de confiar em quem me esconde a verdade.
Até da minha própria mãe…
Eu esperei apoio, e recebi silêncio.
Esse mundo tá todo do avesso.
O certo virou piada.
O errado virou exemplo.
Mas sabe o que mais me dói?
É ainda acreditar.
Ainda ter dentro de mim um fio de esperança…
de que alguém enxergue quem eu sou por dentro.
De que amar de verdade ainda valha a pena.
De que ser bom… não seja burrice.
Talvez eu só precise de um abraço.
Talvez eu só precise de paz.
Mas no fundo, o que eu queria mesmo…
era ser visto. De verdade.
Por alguém que não jogue fora tudo que eu carrego aqui dentro.
Assinado,
um homem que sente demais,
mas que aprendeu a não desistir —
nem quando o mundo tenta calar seu grito.
"Tem coisa que a gente não perde… a gente solta.
Não porque deixou de sentir, mas porque entendeu que segurar só machuca.
Algumas pessoas vão embora, achando que estão livres.
Mas o tempo mostra que quem ficou em paz… foi quem aprendeu a se libertar por dentro.
Sim, ainda dói às vezes.
Mas hoje eu olho pra trás sem me culpar, sem me diminuir, sem implorar presença onde já não cabia minha entrega.
O amor que dei… continua sendo meu.
E um dia, quem recebeu vai sentir falta — não de mim, mas do jeito que só eu sabia amar.
Agora é o mundo quem gira.
E eu?
Giro junto.
Em silêncio, mas com alma."
"O que parece fim… às vezes é só o destino reorganizando tudo.
A roda gira — e com ela, giram os ciclos, as pessoas, as verdades e os disfarces.
Nem tudo o que parte é perda. Tem coisas que saem do caminho pra dar espaço ao que faz sentido.
Senti medo.
Senti dor.
Senti um vazio que só quem já chorou em silêncio consegue entender.
Mas também senti força. Uma força que eu nem sabia que morava em mim.
Eu não esqueci o que foi bom.
Mas aprendi a lembrar sem me ferir.
Tem gente que foi parte da minha história — mas não merece o final dela.
A minha paz vale mais do que a insistência em algo que não me escolhe.
Hoje eu ando mais calado, mais seletivo, mais firme.
E mesmo nos dias escuros…
Eu confio: a roda vai girar de novo.
E dessa vez, é pra me colocar exatamente onde minha alma merece estar."
A roda girou. E levou com ela tudo aquilo que eu achava que controlava.
E por mais que tenha doído, eu deixei ir.
Entre noites mal dormidas e silêncios que gritavam,
eu percebi que o que me machucava…
não era só a ausência de quem foi.
Era a ausência de mim mesmo, tentando segurar o que não queria mais ficar.
Hoje, sou força contida.
Sou o homem que sangrou calado, mas escolheu levantar firme.
Deixei de buscar abrigo onde só havia tempestade.
E construí meu próprio teto, mesmo que só com os cacos que sobraram.
Agora, eu sigo.
Menos romântico, talvez.
Mas mais inteiro.
Mais real.
Mais imperador de mim
Eu não fiquei bravo com você pelo que você fez, eu fiquei decepcionado porque quando te conheci pensei que tinha encontrada alguém diferente, você me fez sentir como se eu pudesse baixar a guarda, agora essa calma se transformou em ansiedade, eu não fiquei bravo com você pelo que você fez comigo, eu fiquei decepcionada porque você sabia que ia me machucar e mesmo assim fez.