Bruno Fernades Barcellos
Amar é empreender e não compreender.
O amor romântico nos fez acreditar em um encaixe perfeito, em uma complementariedade, na alma gêmea.
Assim muitos saíram por aí buscando alguém que os compreenda. Esta pessoa magnífica capaz de ler os mais íntimos pensamentos, ler os mais discretos sorrisos e olhos marejados.
Alguns até acreditam ter encontrado este ser mítico, seja ele ou ela. Porém, quando a vida, muito brincalhona, decide embaralhar o processo, a incompreensão emerge das profundezas e o ser mítico vai ficando desgraçadamente humano.
Aquela sua glória e beleza ficam menos lustrosas, as conversas ficam desconexas e enfim se conclui:
-"Ela(e) não me entende, então não me ama mais."
E é desta forma que sequestramos o amor e o mantemos em cárcere privado no entender, compreender, saber...
Preciso saber do amor do outro, só assim poderei amar também...
Que jogo confuso, pense, se todos ficarem guardando suas cartas na espera da jogada do outro ninguém joga...
E amar deixa de ser um jogo de cumplicidade para um jogo da concorrência, agora este doce casal se pretendem vencedores um do outro, e portanto alguém perde, em geral os dois.
Assim, amar não pode caber na compreensão, afinal, nem nós compreendemos nossas ações e escolhas, imagina compreender as dos outros.
Amar é empreender, é investir, acreditar, buscar, se por em ação em direção ao que o amor aponta.
Nesta empreitada, se pode descobrir que há amor no outro também, ou não.
Se pode colher frutos, ou terá sido mais uma tentativa para o seu histórico.
Se pode ter momentos de muita felicidade ou de grande tristeza.
Mas para saber disso, apenas arriscando, empreendendo, buscando.
-"E se der errado?"
E tem como dar errado? Quantas coisas se aprende com os nossos fracassos, quantas evoluções obtemos com nossas más escolhas, quantas histórias somos e criamos entre os erros e acertos?
Empreender é apostar no seu desejo, tanto nos relacionamentos como nos negócios.
Mas lembre-se, amar não é obrigatório.