Bruno Ciccone
Não se importe com as coisas passageiras. O que é de se passar, passa como se não tivesse de existir.
Não ouses despertar a maleficência do seu ser em virtude do ter. Não há motivo, causa ou circunstância maior que mergulhe-te na mais profunda nostalgia, do que o bem próprio, pelo intermédio alheio.
E na noite que calavam os suspiros agonizantes, o tempo começou a voar. Reinava-se assim um desejo de si, um sentimento de perda-feliz. Eis que brotava do jardim morto, uma pétala de luz, que ousava inventar, que ousava viver. Era um sopro de Deus.
- Por que ela?
E as perguntas não se calavam. Mas nos mistérios de Deus, não há respostas. Traços de humanidades. Há traços de aprendizagem que sobrevoam a vida humana, mas não se determinam a parar. Não se cogitam entendimento. A vida surge e desaparece por encanto, é mistério divino, é segredo pequenino que cabe somente a ti.
As atitudes e palavras que hoje voam no tempo, um dia retornará por onde saístes. Não há realidade imutável, assim como não há melhores pessoas para sempre. O que existe de mais anormal em tudo isso, é que o tempo não reage na inconformidade de nossa realidade.
Sua produção deve sempre ser alvo de avaliação exclusivamente tua e não dos demais. As vozes que ecoam no pensamento dos povos, é objeto pessoal. Os que ecoam nas palavras, é objeto do criador, não da criatura. Portanto, não o importa o que você faça, sempre haverá alguém pra depreciar o que tu produziste, pelo simples fato da incompreensão e ausência de separação, do que compete a este, ou aquele.
Não há nada que o separe do sucesso, além da atitude. Eis aí o motivo da incongruência do ser ou não ser.
Hoje resolvi escrever sobre um sei lá o quê, sobre ideias com cheiro de dendê. Veio-me uma sombra de paz, espírito de luz. De longe via-se aos montes uma estrela d'água, uma história rara, um cego, mudo, surdo, morto, uma poesia rarefeita. Não era eu, era um ponto de inconformidade que rodeava o tudo, mas não era nada.
Sou um eterno defensor das minorias, da luta pelos direitos que fogem pela tangente. Meu pensamento é pequeno diante de tanta voz que grita e nada tem a dizer, mas é o suficiente para meu sopro de vida, e isto basta!
Alguns consideram as ideias singulares como uma sapiência invejável, outras veem nelas uma parte ridicularizada da burrice humana. Na verdade, tudo é o intermédio das duas situações supramencionadas. A inteligência é o eixo central, aquilo que está sobreposto e ligado pela mesma teia da evolução ou regressão. Oras sábia, oras burra.