Brenda Calbaizer
Mas o que é viver?
Se não é aprender o que é amor e o que é amar...
É a pergunta, a solução e a resposta que te leva à um melhor lugar!
ANTES DE VOCÊ CHEGAR
Antes de você chegar
A vida era sem graça
Presa estava na monotonia
Esquecendo-me de que a vida passa
Me mostrou o que é amor
Sentir sem explicação
Conseguiu tocar-me fundo
Sem utilizar as mãos
Soube bem como chegar
Mas não soube como ir
Numa despedida fez-me esquecer
O que é sorrir
Antes de você chegar
Pensava entender a vida
Depois que você partiu
Vi que fui só mais uma iludida
BRUXAS
Relembro as irmãs queimadas
É triste estudar as lidas
Das sábias cultivadoras
De ervas, flores, raízes nativas
Talvez porque não calaram
Talvez porque semearam
Lei da mordaça não aceitaram
Nem desejaram serem frígidas
Conheciam o prazer
Sabiam satisfazer
A si, a quem queriam
Sem medo, culpa ou fadiga
Diante de coisa assim
Incomum e pervertida
Por cantar dançar e amar
Sem limites, sem medida
Foram chamadas de bruxas
Chamadas de feiticeiras
Queimaram seus corpos sem saber
Que pra cinzas não há fronteiras
Por aqui existem outras
Muitos sequer estão a imaginar
Por aqui ainda vivem as filhas
Das bruxas que não conseguiram queimar
CAMINHOS
Os caminhos se cruzam
Quando buscamos o mesmo lugar
Os olhos então, tem permissão
De enxergar pelo mesmo olhar
O que queremos é a porta
Que nos faz entrar
Por acaso se uma linha é torta
Cabe a cada um de nós endireitar
As vezes estreita
As vezes larga
Isso não importa se for a passagem
O que pra você pode ser o inferno
Pra alguns pode ser bela miragem
Cada passo pode te levar
Frente, trás ou lugar algum
Vai de você saber caminhar
E trilhar um destino além do comum
DEGUSTE
Me tome pelo braço
Me enlace em seu abraço
Me envolva com seu corpo
Me tire a solidão
Diz que eu te satisfaço
Quando eu me desfaço
Do ego, dos credos
Do querer ter razão
Vivo de melodia
As vezes de agonia
A cada dia a dia
Arrisco uma febre de malta
Meu cão tão pequenino
Meus devaneios vive ouvindo
E não se cansa
Quando vou, ainda sente minha falta
Queria eu esquecer
Antes de quase enlouquecer
Jogada, amargurada
Embriagada em meio a rua
Pra você é muito fácil
Já que sou eu quem despedaço
Como uma velha rosa
Sentindo a falta sua
Então quando vier
Por favor não tenha pressa
Me entenda se puder e
Não se importe com o quanto custe
Se esqueça de partir
Me faz de novo sorrir
Já não quero mais que coma
Eu quero que me deguste
DUALIDADE
Mergulhado no universo
Sigo o caminho inverso
Ao que iria por instinto
Ao ver seu olhar perverso
As rosas com seus espinhos
Nos mostram que há caminhos
Em que as vezes grande beleza
Também pode nos ferir
A erva que cura, mata
A água que lava, suja
A vida pode ser grata
Ou se fazer muito injusta
Depende de como vê
Qual é o ponto de vista
Experimentar o viver
Ou passar como uma faísca
FÉ
Que mau há de ter
Em querer entender
Os mistérios da vida
O que Deus criou
Alguns chamam de Energia
Alguns chamam de Deus
Alguns chamam de Amor
Alguns sequer o conheceu
Na imensidão do universo
Apreciar a beleza
Do que nos rodeia com vida
Sem querer alterar sua natureza
Tudo é o que é
E é porque tem de ser
Alguns flashes nos lembram
Outros nos faz esquecer
Se você não quer saber
Tudo bem fingir não existir
Mas não impeça quem quer viver
Aquilo que alguns só sabem depois de partir.
A vida é um sopro
FLORESCER
Recolher
Refazer
Desfazer
Desprender
Entender
O querer
Compreender
O saber
Como as folhas que caem
Despretensiosas
Dos galhos que saem
Naturais e formosas
Beleza é sentir
Além do poder
Fingir que és flor
E então florescer
ILUSÃO
Se foi em vão
Se sabe ou não
Se achas vão me estarrecer
Quando tu vai
Em mim recai
A certeza de outra vez sofrer
E outra vez passa
Mas perde a graça
A cada fria ilusão
Por coisa tal
Me tornei mau
E acorrentei meu coração
Culposa ilusão
INJUSTO MARTELO
E haverão de pagar
Aquelas que nunca deveram
E haverão de confessar
Os pecados que não cometeram
Fazer falar o que não é
Repreender de forma dura
O simples fato de contrariar
As levariam para a tortura
E como justo seria
Há quem já ia pra julgamento ciente da condenação
Mães, filhas e principalmente
As que apenas pediam pedaços de pão
Não peça-me para esquecer
A injustiça não pôde quebrar nosso elo
Eternamente estampado em seus dogmas
Será a figura do injusto martelo
INSÔNIA
E quando os olhos não se fecham
Mesmo estando cansado
Quando ardem incessantes
Visualizando o emaranhado
Embolo de pensamentos
Conflitos de sentimentos
Racionalizando os remendos
Que são costurados em lento
Aquilo que já se foi
Aquilo que ainda está
Nos tira da rota mas
Nos traz ao mesmo lugar
Dormir é um privilégio
Nem todos conseguem bem
A mente que nunca para
Vê o que passou e o que ainda vem