Branca Veiga
Querido ex-amigo,
Por vezes paramos de nos falar, ficamos brigados por semanas, nos cansamos de ouvir os problemas um do outro, demos tudo de nós quando ninguém nos queria mais.
Eu te amei como irmão.
Você me amou como irmã.
Era como se você me impedisse de cair num abismo com uma corda delgada chamada “mensagem de texto”. E ficamos assim por anos. Um tentando ajudar ao outro, conversando pelo menos um dia da semana até às quatro da manhã. Gargalhando e chorando por que a única coisa que nos separava eram míseros 400 quilômetros.
Tudo isso para que um dia você fosse embora sem nem se despedir. Apenas a palavra “desculpa” nas letras miúdas da minha tela, me bloqueando imediatamente de tudo que nos ligava. E foi assim. Eu finalmente caí no abismo. Você provavelmente achou seus amigos, o lugar que você pertence. Isso me deixa tão feliz que você nem pode imaginar. Mas eu? Eu pulei de canto em canto, como de costume.
Tantas coisas aconteceram desde que você me deixou, ex-amigo. Tenho tanto para te contar... fui feliz, fui triste e fui decadente. Acho que me tornarei o monstro que tanto repudiávamos. Me pergunto se você sentiria orgulho do que faço ou deixo de fazer, ex-amigo. Creio que não.
Sinto tanto sua falta. Sinto tanta angústia, tanta raiva, tanta dor.