Bob Wolfenson
"Grande parte das perguntas sobre retoques versa sobre as questões éticas de alteração da realidade, como se a fotografia fosse uma exata representação da realidade e como se essa forma de fotografia mais cosmética ainda tivesse algum sentido em ser realista"
Se há um conselho que posso dar aos leitores, aqui vai um que em algum futuro poderá minorar as dores de tantas queixas: procure controlar ao máximo todos os desejos dos outros sobre o seu trabalho.
Se não for afronta fazer uma analogia, diria que todos os fotógrafos de moda estão mais próximos de um ficcionista, um diretor de cinema, pois inventam sua própria realidade, algumas vezes a partir de visões do real propriamente dito; outras, através de encenações e dramatizações
Não gosto de termos como especialização e área em fotografia. Acho que o fotógrafo, assim como o pintor ou qualquer outro artista, pode escolher seus temas sem se fixar em um único assunto ou numa única maneira de fazê-lo... Em geral, os grandes artistas não se fixam em uma só disciplina nem em uma só forma. Porém, cada segmento tem as suas exigências, seu mundo próprio, suas regras, sua marca crítica... Contudo, quando desavisado, jogo-me para fazer algo muito distante do que mais faço, por ser um desafio ou pela curiosidade de saber se posso, se consigo - é grande o risco de eu não alcançar algo dentro do código estabelecido como um bom trabalho que alguém mais acostumado com a coisa conseguiria.
Mais que um ofício, fotografar é minha maneira de me comunicar com o mundo, tanto de captar como de emitir. A partir da realidade explícita, observada e capturada, criar uma realidade própria, uma visão particular, singular, do real.
O fotógrafo precisa buscar: sua singularidade, traços de sua própria história, deixar-se levar pelos elementos que constituem a sua vida e que formaram seu olhar sobre as coisas.