Benjamin Alire Sáenz
Fiquei pensando que poemas são como pessoas. Algumas você entende de primeira. Outras você simplesmente não entende... E nunca entenderá.
Outro segredo do Universo: às vezes a dor era como uma tempestade que vinha do nada. O verão mais claro poderia terminar com um aguaceiro. Poderia terminar em relâmpagos e trovões.
Tinha a sensação de que havia algo de errado comigo. Acho que eu era um mistério até para mim mesmo. Que saco. Eu tinha sérios problemas.
Tenho essa teoria de que sonhamos porque pensamos em coisas sem termos consciência de que estamos pensando. E essas coisas, bem, elas nos assombram nos sonhos. Talvez sejamos como pneus cheios demais. O ar precisa escapar. Os sonhos são isso.
Achava que devia ser ótimo ser o ar.
Eu poderia ser alguma coisa e nada ao mesmo tempo. Ser necessário e invisível. Todos precisariam de mim e ninguém conseguiria me ver.
Às vezes, você só precisa contar a verdade às pessoas. Elas não vão acreditar. E deixarão você em paz.
Eu tinha uma regra: melhor se entediar sozinho do que acompanhado. E quase sempre seguia essa ideia. Talvez por isso não tivesse amigos.
Eu sempre tinha a sensação de não pertencer a lugar nenhum. Não pertencia sequer ao meu próprio corpo – especialmente ao meu próprio corpo. Eu estava me transformando em um desconhecido. A mudança doía, mas eu não sabia por quê. E minhas emoções não faziam sentido.
Comecei a pensar sobre a ciência por trás das tempestades e sobre como às vezes parecia que uma tempestade queria acabar com o mundo, mas o mundo resistia.
Adorava a inocência dos cães, a pureza do afeto. Eles não escondiam sentimentos. Simplesmente existiam: um cão é um cão. Eu invejava a elegância simples de ser cachorro.
Estava infeliz. Por mim, o sol poderia ter derretido todo o azul do céu. Aí o céu seria tão infeliz quanto eu.