Benicio Hamilton
TRAUMAS DE AMAR
De repente a vista fica embaçada
A voz falha e o pulmão para de trabalhar
Vai acontecer sempre a mesma coisa
Toda vez que eu te avistar?
Eu perco meu pé do mundo
Eu viajo no encanto do teu encarar
E de repente o nada vira tudo
Quando vejo você se aproximar
Meu corpo começa a estremecer
Sinto minha rigidez fraquejar
A cada passo, pouco a pouco
Nossa distância você cortar
Prometi nunca mais deixar acontecer
Não deixar o amor, de novo, me afetar
Mas no negro daqueles olhos posso ver
Não tenho mais para onde correr
Se esconder ou me refugiar
Calafrios percorrem todo o meu ser
Mesmo sabendo que não há o que fazer
Eu não queria ceder e simplesmente aceitar
Mas espero que eu não tenha o que temer
E que esse novo amor me faça esquecer
Aqueles meus antigos traumas de amar
TODOS OS ADEMAIS
Refugiando-se em um recinto
Recito o que mais sinto
Ademais, há de mais
O que por ti sinto
Aí o medo se refaz
O amor é como um labirinto
Apavora-me, quase por instinto
E por demasiado temor, minto
Porque quando há demais
A dor, eu logo pressinto
Além do mais, consinto
Quão mais, minto a mim
Temendo todos os ademais
Que um dia sentiria por ti
Que Vacilo
Vacilei várias vezes
Nessa história de amar
E em quase todas as vezes
Não me arrependi por vacilar
Veja bem, não que a dor me convenha
Ou que eu ficasse feliz em me machucar
É que… apenas os tolos da dor desdenha
Quando com a mesma é incapaz de criar
Muita arte veio de um coração partido
Arte demais para poder contar
A dor disto pode ter sua parte bela
Se com ela você conseguir lidar
Eu cochilei nessa questão mais de uma vez
Mas aprendi, finalmente, depois de tanto apanhar
E eu não fujo mais, porque talvez seria estupidez
Temer algo que sei ter mais versões que a de lesionar
Então, não deixarei os vacilos me amedrontar
Por eles, encontrei a mais forte versão de mim
Até vacilei esses dias no verde de um olhar
E nossa… que vacilo, enfim...