Bebel Dantas
“Porque costumamos sofrer por antecipação? Porque se queixar de tanto, quando ainda somos tão poucos. Deixemos de lado esse lado egoísta e prepotente de enxergarmos o mundo, que ele não gira só em nossa volta. Desperta-te do sono que acumulas da tua caminhada. Descarregue as bagagens que não te servirá de nada, ela só te deixará mais fatigante, arriscando assim, você comprometer aquilo que não podes perder. Erga seus olhos, respire fundo, diga eu posso! Confie em você. Acredite você é singular! Não permita que os “nãos” da vida, abata o seu prazer de sonhar, de acreditar. Sonhar é gratuito, o realizar tem lá o seu preço. Mas vale a pena...”
Um pensamento apolíneo
Momentos que merecem você sair do ar. Para alguns, você parece distraída, talvez um pouco perdida. Não sabe eles que, apenas estou submergida em meu mundo. Não tenho pressa em voltar à superfície, a realidade às vezes pode ser dolorosa. Quero ficar aqui e admirar esse apolíneo céu azul. Faltou-me o ar, fui obrigada a voltar (mesmo sem vontade!). Não consigo distinguir a ausência de ar, de um sonho não conquistado - a sensação de agonia pareceu-me a mesma. Andei pelas areias da praia, cada passo eu contava. Olhei para as pegadas, e vi o quanto era bom caminhar, se perder nos pensamentos, deixar fluir a alma. E foi nesse vazio, que me achei. As nuvens se misturam, dando suas formas variadas. Parei, e me deitei na areia, voltei a olhar as nuvens e vi a minha infância passar por mim. Vi dragões, anjos e pássaros. E percebi o quanto era crescer. Porque enquanto eu era criança, agia e pensava como criança. Algo me distraiu! A água do mar tocou em meus pés, despertando-me dos sonhos de infância. Levantei-me e caminhei em direção ao sol. Quem sabe novos horizontes não me esperam.
Tarde chuvosa
Numa tarde chuvosa, ela observava cada gota que escorria do telhado, seus pensamentos fluíam, seus lábios tremiam, e suas mãos, ao mesmo tempo suavam. Ninguém podia imaginar o que ela pensava naquele momento. Era algo indescritível, por isso ela preferiu não contar a ninguém sobre aquilo. Quem nunca teve um sonho pra sonhar? Mas para ela, isso não fazia tanta diferença assim...
A chuva passou, e com ela foi-se todos os pensamentos daquela tarde nublada. Ela só queria voar, ela só queria sonhar, ela na verdade só queria um ouvido, para alguém escutá-la, sem criticar, sem julgar! Apareceu um grande arco colorido, cada cor, eu fantasiava uma história, um vestido talvez...
Voavam uns pássaros, quem sabe um não me ensinava a voar também! Bateram na porta, perguntei quem era, e me responderam, que era a felicidade. Não contei história, agarrei-a, e desde lá nunca mais quis soltá-la! Meus sonhos continuam, vou caminhando com eles, percebi que são estímulos para minha feliz simples vida.
Antes das seis...
Eu tinha esquecido como era o céu, suas cores brandas, e a brisa calma e fria. Há poucas pessoas caminhando na rua, uns fazendo sua caminhada matinal, outros a caminho da labuta. Os pássaros parecem falar mais do que as pessoas. O cheiro de mato invade minha alma, e os meus pensamentos desabrocham, como uma flor na primavera. Hoje eu rejeitei o som do despertador, não quis ouvi-lo, troquei-o pelo som dos pássaros. Esse canto é bom aos meus ouvidos. Um verdadeiro refrigério para alma.
O tom laranja do céu está sumindo. A manhã chegou! Dando-nos mais uma nova chance de apostar algo novo. Procuro aquele pensamento vazio de ontem, e não o encontro mais.
Já passou das seis, na verdade não tenho certeza. Perdi-me, ganhando tempo com o céu antes das seis. A responsabilidade bateu na porta, não tenho mais tempo de ficar aqui admirando tudo isso. Mas, quem sabe isso não vire rotina. Não quero perder o prazer de acordar amanhã, e não contemplar tudo isso antes das seis.