Beattriz Vieira Lopes
Vestes Verdes
Menina tão inocente de verdes vestes
Sorria menina, hoje o Sol está quente
E por meio de raios brilhantes e reluzentes
Veio saciar essa fome que sentes
Nesta tarde, tão alegre menina
Dançando ao som dos pássaros e no ritmo do vento
Não mede o quão difícil é manter seu sustento
Hoje o dia parece estar mais quente
Mas não é o sol quem o faz
Corra menina, precisa fugir
Mas como o fazer estando enraizada aqui
Eis que surge, no horizonte,
uma forma mais ameaçadora do que jamais se vira
Pobre menina, tão indefesa
Em chamas acaba partindo
Deixando para traz a lembrança
De quem um dia a viu dançar
Agora nesta terra sombria
Carregada de mortes e tristeza
Vive uma nova menina
Menina tão alegre quanto a que se fora
Mas essa porém,
Não de verde se veste
Não do Sol se alimenta
E não dança conforme o vento venta.
Incapaz da capacidade
A realidade é obscura
talvez isso me faça temer a verdade.
A verdade é necessária
talvez isso me faça temer a necessidade.
A necessidade é fútil
talvez isso me faça perder a habilidade.
A habilidade é inovadora
talvez isso me faça temer ser sonhadora.
Os sonhos são portas
pelas quais você pode produzir e fugir
A produção é a realização de algo importante
por isso me sinto insignificante.
A insignificância faz da pessoa realista
por isso temo a realidade.
Bondinho
Chora chora céu desalmado
Canta com quem te afloras esse pecado
Em queda livre cais do alto
De bondinho, bem no asfalto
E agora com membros torcidos
Suspiro de dor de sonhos perdidos
Doce serpentina a me tontear
Quando é que vai parar
Gira gira povo a volta
Filma filma pessoal da escolta
Tragédia trágica nessa tarde de verão
Pessoas morrem, sem coração
A ira atrativa do universo
A física louca que desprezo
Eis que surge ao longe um som
Unicamente proprietário do dom
Acorde jovem anjo
Aqui é vosso arcanjo
Devo abrir meus olhos?
Tenho medo da verdade
Tão fria quanto a perda de uma amizade
Lágrimas de um dançarino
De sorriso repentino.
Choro Nobre
Ventos ventam constantemente
Vindos do oceano e trazendo consigo a tristeza
O choro de almas perdidas e desoladas
Afogadas por mágoas do passado
Não chores mais pequeno broto
Sua tristeza se faz minha também
Um dia você virá a florescer
Assim que a Lua permitir e quando o Sol se permitir
Quando a luz brilhar
Quando a escuridão transmutar
O grande carrocel que é a vida
Um dia terá de parar de girar
Quando isso acontecer, pequeno broto
Você saberá, eu saberei
Então a felicidade virá
E virá tão forte quanto as chuvas de verão
Expulsando qualquer vestígio dos ventos frios
Ventos que batiam à porta dos sem teto
Que invadiam janelas de hospícios
Como um último suspiro de perdão
Ventos que agora sopram como brisas
Trazendo toda a tristeza dessas almas perdidas
Mas desta vez,
Incapazes de chegar à você
Porque agora
E somente agora
Você se tornou feliz
Agora você é a felicidade
A minha felicidade.