Beatrice Monserrat
Você conhece a historia do “feliz para sempre?”
Você crê nisso?
É estranho não haver um rompimento;
uma separação;
e/ou mesmo outra pessoa na história.
É estranho o modo que os senhores olham suas esposas
e o quão de compaixão demonstram em seus atos antigos.
-Sente-se;
-Trouxe-lhes esse ramalhete de flores;
-Morreremos juntos, de mãos dadas eternidade à frente...
Você não se sente constrangedor ao pensar que o amor é apenas
caricias?
O amor é o toque, é o olhar, é o saber conhecer e o respeitar, é ajudar o próximo e é estender sua mão.
É amar profundamente a noite de núpcias e não querer ver o dia amanhecer.
Apenas é assim. O amor eterno!
O vento lá fora move os galhos de sua alma
O assopro da vida é aquele que ajuda-nos a caminhar;
Uma pedra para nos impedir
Mas ai o assopro vem e lhe move para frente
Um homem aparece
o primeiro olhar;
o primeiro sorriso.
Então se aproximam
e as primeiras borboletas voam em seu estomago
A sensação és unica
e se deparam em uma igreja;
ela de véu e grinalda
e seu amado de social; Um terno fino com uma pequena flor como infeite.
Sim ...
aceito ...
E novamente o assopro vem
e o bebe chora;
- É uma menina!
Ela chora
e ele também;
e vivem
vivem pelo assopro que lhe presenteiam novamente
-Tem os olhos do vovô
Os risos invadem o local
e as lagrimas para o acompanhamento
És assim. A vida!
O assopro que lhe faz caminhar!
Partir para o além;
O triste dia em que te vi partir
você sumiu do alcance de meus braços
e eu não intendi:
- Por que partisse assim?
Você sabe o quão doeu em meu coração fraco
lhe ver nos braços de um outro alguém?
Pois é, meu coração não é de aço ... Porém;
tenho o dever de aguentar ...
Aguentar a lembrança do dia em que te vi partir ...
Cair e chorar
Vivendo e aprendendo
essa sou eu!
Eu aprendo;
eu choro;
e aprendo de novo.
Meu pé se desequilibra
e eu caio...
Caio e aprendo
vivendo e aprendendo
Na vida me decepciono
toco meu violão e começo a cantar
canto pra lua, canto para o luar
Essa sou eu...
eu aprendo
eu choro
e aprendo de novo!
Era uma vez que sorri
Apenas uma vez que sorri
quando lhe avistei ...
Foi platônico o que senti
O que senti quando te vi.
Minhas maos tremulas ficaram
meu coração palpitou
pulou
saltou ...
Deu para senti-lo nas pontas dos dedos
quando eu encostava em algum móvel
A sensação foi unica
e unica foi a sensação que senti
A sensação imediata de evacuamento
eu olhei;
você olhou;
se virou;
e partiu...
E voltei a sorrir
quando lhe avisei ...
Longe, longe de mim.
Lá e cá
Cá e lá
assim estamos.
Longe ...
você lá
eu bem cá
você sorri
você sorri
você lá,
você longe
longe de mim ...
tu não queres vir para cá?!
Deixe-me fazer-te sorrir
para que o lá e o cá
apenas seja o aqui.
Diga-me aonde você se encontra;
diga-me para agarrar-te;
diga-me para lhe fazer sorrir e/ou chorar de riso.
Apenas diga.
Deixe-me ser o seu apoio
deixe-me ser quem você confia;
Apenas deixe-me ser o seu porto;
O seu porto seguro.
Aquele alguem que ira prometer;
e ser aquele que cumprirá
sem mentir;
sem enganar.
Apenas confie em mim.
Então venha para os meus braços
e apenas diga-me para agarrar-te...
confie em mim ...
confie em mim ...
Havia uma menina
sorridente e tristonha
que acabara de ganhar uma bala
O novato de sua escola a olhou
deixando-lhe o sabor da imaginação
Talvez o sabor adocicado?!
ou o sabor ardente?!
O sabor prolongou-se
deixando-lhe confusa;
O paladar degustou-se o sabor do vento
o vento de sua imaginação.
Encostado num pilar
os olhos daquele garoto lhe hipnotizava
um olhar destemido, de pura curiosidade.
E com detalhes lhe fez entender ...
Tirou do bolso uma bala de hortelã
Aproximou-se e o entregou
-Você é ardente como hortelã e suave como a água mansa que corre no rio
[...]Um olhar penetrante, profundo como o mar.
Com um sorriso descancarado, deixando-lhe escapar a verdade
- Sua imaginação vai além dos teus princípios
A bala;
O inicio;
A amizade;
E o sabor...
O sabor do infinito!
*à José Carlos*
Pouso suave
Um papel branco
dobra
desdobra
e dobra novamente.
O origami voa
voa sob cordas
e pousa suavemente
O vento bate
suas asas intactas de puras dobradiças
[movem-se
És uma arte?
ou uma imaginação?
Uma criança
ou um homem?
o vento bate de novo
lhe criando vida;
As imaginações somem
e a realidade vem
O céu azul e borboletas a voar
a água cristalina e o pouso suave
e a velha estória do patinho feio;
do cisne que renasceu...
renasceu sobre um papel branco
onde dobra
desdobra
e dobra novamente ....
Dos mais falsos sorrisos
traz consigo a boêmia do dia-a-dia;
Dos mais atos irresponsáveis
passa à causar profundas crateras
daquelas gigantescas, dentro daqueles que riem...
riem com as usáveis sinceridades que ainda restam em suas almas;
"Mas nem todos os boêmios dedicam-se o tempo todo a noitadas alegres e/ou regadas a álcool" (Pedro J. Bondaczuk)
Na lua cheia, a reunião toma inicio;
Copos de puro álcool nas devidas direções do tato;
Pegaste e em goles acabaste com sua vida aos poucos
com o interior que ainda lhe resta.
O álcool não faz diferença;
não quando estas perante a boêmia psicológica;
o ato sem pensar; sem total crença e/ou sem a fé
Mais um gole daste
então um grito de socorro ecoa rapidamente:
- Mova-se,
Recue,
mova-se novamente até deixaste de ser boêmio.
Encare a vida e mova-se de novo...
Tente, encare, recue, e seja honesto;
Honesto consigo mesmo!
Lá longe
ha uma pequenina casa;
maior que um ninho
e menor que a expansão da imaginação.
A casa goteja
ou melhor
a mãe natureza chora.
Os braços são as paredes
O chão, são os teus pés
Pés de pisos coloridos ou acizentados. Amaderado e/ou da propria madeira.
Uma tempestade vem e amputa um de seus braços
e então a casa goteja
ou melhor...
a mãe natureza chora....
sólo una canción
O modo que olhas;
o modo que encara a mesma garota qualquer.
O mais engraçado;...
é quando foges pela eternidade afora
e novamente...
voltas a olhar
Apenas deixando seus olhos sendo guiados por aquela garota qualquer;
Talvez seja:
- medo?
- Esnobes?
- Nojo?
e novamente foges;
lhe deixando escapar a felicidade pelas pontas dos dedos
Não é uma estoria triste...
não é o fim do mundo, chorar por um amor não correspondido.
Mas aquela garota que não notas-te o coração, se erguera
e vs acabara rapidamente na margem do arrependimento.
Talves sim...
Mas... é claro que não!
As pessoas são pecadoras;
muitas partes defeituosas .... porque querem!
Mas, você sempre a tira um sorriso;
as bochechas coradas
e o coração acelerado.
- Por que és tão maligno para o coração daquela jovem?
- Tu és um humano? -
Sabado, aproximadamente '21:59'
Entre a multidão, menos de 10 passos lá estava;
Alguns segundos;
os olhos fixos
o coração pulou
saltou, fanfarrou...
e você?
Partira novamente, pela eternidade afora...!
“Para a sua proteção[…] apenas sorria!
Mas cuidado… irão falar de você ao mesmo tempo;
- “Esnobes és, metida a rica…”
Então sorria e bata palma quando subira na vida;
[…] ou melhor
Ria deles por continuarem no mesmo lugar!
- Injusta a vida?! O que resta, é o seu critério[…]”
“Gostaria de saber de onde vem tanta força por todo esse tempo me fazendo vencer cada obstaculos da vida!? Realmente gostaria de saber a força que me faz levantar quando eu sou apunhalada pelas costas…!
- Oh, duvida cruel…És maligno com meu pobre coração, Oh!
Você é diferente dos outros,minto,tu és unica. Na miragem de meus olhos, você é coberta de ouro e rubis; seus olhos são vermelho sangue deixando transparecer sua personalidade quente e forte. - Você faz apaixonar-me por ti a cada dia que passa,minto novamente. A cada milésimo de segundos…! Tu é assim, és unica para mim…!”
“O frio lá fora… ‘E cá estamos, juntos no começo do inverno. A neve cai e os pássaros estão dormindo. A ventania está atrapalhando a miragem da lua, ou melhor, apagando-a brevemente; E então aquela cama que no verão chorava de solidão hoje sorri enquanto nos chama.
-Vamos, venha! Deite-se comigo!
E então você caminha levemente e se deita, te puxo e te aconchego. Em conchinha então, ficamos…
- Seu cheiro me lembra o frio. É suave e ao mesmo tempo gelado, me fazendo sentir o coração gelar de panico: -O que eu faço? - Grita meu pobre coração…!
Enquanto miro a janela, minhas narinas se abrem e me drogo com seu cheiro, ou melhor, me vicio cada vez mais. - E agora? E se você partir? É doloroso sabia, sentir seu cheiro a cada pano e lembrar que você não pode estar comigo… não mais…
- Dito e feito, você se tornou má! Você me deixou aqui no frio sob as lagrimas de minha cama novamente; e partira assim, sem mais e nem menos. Volte para o alcance de meus braços.
- Oh! Sinto sua falta, minha amada… Deixe-me sentir seu cheiro mais uma vez, nessa noite escura e gelada. Oh! Minha amada, volte…!’”
“As suas mãos agora estão caminhando sobre a extremidade de meu rosto. O arrepio suave e a briza da mente e é assim que me sinto!
Sorrio só de ve-lo por perto, meus olhos brilhosos quando falo mil e uma coisas sobre você para meus amigos… Pois é, você me hipnotizou com seu belo sorriso.
O sorriso que me afeta… aquele afeto bom, sabe? Então você sorri e BOM… Encantei novamente… E assim todo dia que eu lhe vejo a poucos passos de mim […]”
“Calma princesa, tudo ficará bem!
Os pássaros voam livremente devido seu tempo… Teremos nossa liberdade. A liberdade de amar!
Calma minha princesa, tudo ficará bem!
Ainda sentaremos naquela rede e ver crianças correndo na varanda e assim seremos felizes a eternidade afora.
Calma minha princesa, tudo ficará bem…
Você sorrirá e eu serei o motivo dele; O motivo dos teus olhos marejados e de sua pele arrepiada nas noites mais geladas. Calma… seremos felizes, longe daqui, dali, e de todos…!
- Aceito!
- Sim, aceito!
Viu… não é simples? …
Paciência para sorrirmos, paciência para amarmos livremente … e principalmente, paciência para sermos fortes e juntos enfrentarmos esses terríveis obstáculos.
Calma minha princesa… tudo ficara bem…”
A felicidade da vida é ser criança. Correr, cair e chorar pelo seu joelho ralado ou nem isso. É a felicidade de chutar uma bola e tirar o tampão do dedo por chutar sem querer o chão… É correr no pega-pega e procurar no esconde-esconde, é sorrir e se sujar.
-Oh, Mamãe ficava sempre brava!- E voltar a brincar. Chegar com os pés com a marca de sujeira pela chinela e pés encardidos. Brincadeiras, bola, corda, pião, baralho, tazo… até pedra entrava no jogo. A imaginação era além e hoje poucos cultivam isso. Antigamente, eramos unissex; Meninas jogam bola e meninos de bonecas… era simples e divertido!
-Paredão, paredão 123 e todos corriam.
- Estatua…! E todos paravam, sem rir, sem se mexer, sem quase respirar… era divertido.
- Lá vou eu! E todos corriam para a tal procura do esconde-esconde. Atras de carros, de motos, arvores, deitavam no chão, se fingiam de mortos… Ai ai! Era uma piada! Corríamos até pedirmos figas, as mangueiras estavam na calçadas para nos hidratarmos e não perder o pique!… AH, e os beijinhos? Os primeiros selinhos que dávamos um nos outros e nisso surgiu o: -verdade ou desafio- e as coisas foram mudando. Fomos amadurecendo aos poucos, das perguntas e respostas saiam brigas e discórdias, dos desafios surgiram beijos longos abrangendo o instinto. E hoje vivemos na tecnologia! - teque teque teque - escutam o som do teclado, a musica alta e a atenção no vidro que lhe separa do mundo virtual. O tempo passou voando e nem percebemos; Hoje estamos no auge da tecnologia, dos celulares com internet e ajuda do Google. As bibliotecas estão vazias. Bom, muitas delas!
Mas, particularmente eu tive infância. Desde o primeiro dedo sangrando até meu primeiro beijinho e namorico. As músicas eram inocentes, cantávamos sem ao menos sabermos os significados… E é assim a infância…pura e inocente!!
- Olhares correspondidos
Aproximação. Você gosta da pessoa que é mais distante de voce. É incrivel! Você tenta conversar, mas é em vão. Pois é! Você recua e desiste; e ele vai embora. Dai, você olha e ele olha, os dois viram os rostos pela timidez, mas nada acontece … os olhares novamente se encontram, e nada!
Mas o que adianta estarem perto, e serem assim? Quem quer, luta! Não é mesmo? … Talvez, nós precisamos um pouco mais de força e coragem; Não podemos ser negativos. Caminhar e logo recuar pelo medo. Frente a frente, praticamente. E nada! …
É triste, é triste saber que o alguem que eu desejo, esta exatamente na minha direção; na direção do alcance de meus braços. Em alguns passos posso caminhar e agarra-lo, agarrar o meu amado. Mas eu não consigo!
E agora o que resta, sou eu e meu pensamento… Minha mente conversa comigo mesma e ao mesmo tempo me trai. Ela me da força, mas, ela se arrepende!
- O que eu devo fazer? … O que eu devo fazer meu pobre coração?”
”Lembro-me que era em um domingo que o vi pela primeira vez. Aparentemente humilde, alto,mas, não tanto; porém, tinha um corpo um pouco esquelético. Era bonito, os traços de seu rosto milimetricamente desdém suas imperfeições. Mas calma lá, não eras perfeito. Ninguém é, não é!?
- Sai dessa janela, menina! Ficarás com os cotovelos marcados…
A porta bateu e aproximou-se já cega de curiosidade
- Olaaa, moro ali, você é novo por aqui? Sarah se tornou firme, estendeu-se a mão para cumprimenta-lo;
- Oi, sou Lucas… Prazer! Ah… Sim, sou o novo vizinho! Eramos da capital! - Um sorriso singelo se abriu levando-o com um breve riso
-Desculpe
Desengonçado, limpara suas mãos em sua bermuda um pouco afoito, eras bonita a moça em sua frente…
O primeiro riso de ambos se manifestou e os tornou amigos.
- Oh! O primeiro toque, lembro-me até hoje - Sorrindo escancaradamente, lembrara aquele velho momento!
Amigos entre aspas; eram irmãos, algo forte e inexplicavel… Eram amigos a pouco tempo aparentando anos… e anos!
“Smack, smack.” atras da escola… barulhos de beijos, tornando-os amantes. Amantes,enamorados, cegos e abobados.
- Cruzamos as mãos, andamos e anos se passaram.Dois? Talvez, tres … Nunca contei, apenas deixei rolar. E não é, que deu certo?! E meus cotovelos? Ohh, claro… Nunca foram perfeitos depois que o conheci; Bem que minha mãe me avisou! Mas quem disse, que quando se ama, conseguimos escutar opiniões alheias? Ahh, mas não importa… Nada como alguns bons cremes que o seu avô compraste para mim… são bons, cheirosos e caros. - Eras tão cuidadoso…!
- Hora de dormir
Um beijo na testa lhe deu; Caminhou-se até seu quarto vazio, sua cama ja feita, deitou-se ja fechando seus olhos:
- Cuide do meu amado para que eu o possa tocar novamente em sua mão… como um velho cumprimento
[…]Amém!”
“A diferença entre eu e você, é a distancia. A distancia de onde olhamos, a distancia da mente, das atitudes e principalmente, a distancia de nossos corações. - Oh meu bem, és uma uma dor tão compulsiva, vastadora… ela não para quieta…!
Do coração a dor passou para as pernas, me deixando impossibilitada de andar. Rapidamente subiu para meu esófago me deixando sem comer… Meus braços?! Morreram aos poucos! Pois é, acabou-se a força de tanto que eles estiveram estendidos enquanto esperava pelos teus. Oh dor teimosa; ela ousa em me fazer lacrimejar!
E novamente a dor subiu para meus olhos, me fazendo ve-lo com outra. - “PIIIIIIIIIIIIII” - não se escuta mais o “tum tum” do meu coração… A alma se foi e mais uma vez, você ousa em me fazer chorar lagrimas de sangue…!”
[...]Enquanto alguns amam e proclamam o dinheiro,
minha vida é viver na base de musicas, minha voz desafinada, comida e cama. Oh, minha cama me proclama... quem disse que não?! Todas as noites, a tenho como os braços de meu amado...quente, fofo e aconchegante. Digo... do "meu" amado!
Uma lembrança
Lembro-me perfeitamente. Revoltado, o sangue quente borbulhava em minhas veias. Esvaziei meus bolsos, respirei fundo e saí. Deixei para trás tudo o que poderia crer ser precioso. Não havia caminho à trilhar, meu destino era incerto. Caminhava. Enquanto o fazia, pensava, principalmente sobre os motivos que me levaram a caminhar. A frustração me confundia. Não os encontrei. Mesmo assim, continuei.
No começo, apenas observava o mundo ao meu redor. Encontrava-me descobrindo inúmeros detalhes que sempre passavam despercebidos devido ao caos do dia-a-dia. Um olhar atento bastava para me corrigir. Caminhava sozinho, sempre pensando. Após horas, os pensamentos foram interrompidos por súbitos lapsos de sanidade mental. Me perguntava sobre o porquê de caminhar. Não os dava atenção, algo me movia a continuar, embora fosse essa razão desconhecida. Após dias, pesava sobre mim o castigo da fome. Pensava, agora, sobre as pessoas que tem fome. De onde elas tiram forças para continuar a caminhada? Maltratado, apenas continuava a andar, alimentando-me com restos encontrados durante a jornada. Alimentava-me também de esperança de chegar, embora local específico não era sequer imaginado. Andava. A dormência de meus pés era um lembrete constante do quanto havia caminhado. Incessante, ela se mantinha pronta a me desencorajar a qualquer minuto. Pensamentos me abateram: como fazem as pessoas cujos “pés dormentes” não as permitem andar como agora faço? Visto isso, redobrei a concentração e me mantive firme.
O suor escorria pela minha face, já há muito tempo suja pela terra do asfalto e longo período sem práticas de higiene convencionais. Minha cabeça se mantia erguida. Com meu olhos ligeiramente abertos, tentava me guiar através das miragens impostas por um Sol inclemente. O sal os fazia arder, mantendo-me cego. Imaginava: como podem as pessoas caminhar sem enxergar? Descobri razão pela qual caminhar: chegar. Esperava saber onde.A chuva caía. Lavava meu corpo e alma. As vestes, agora molhadas, pesavam. Tanto quanto minha consciência, por ter partido de forma tão inesperada, tal como a tempestade que me surpreendia. Olhava para o céu e apenas me entregava à sua fúria. Me sentia rejuvenescido, com espírito renovado. Sensação como nunca antes havia sentido. Questionei-me: como podem as pessoas viver e nem sequer apreciar esses pequenos momentos? Pensei em meu lar. Um turbilhão de rostos conhecidos, momentos vividos e erros, como nunca ter apreciado a chuva. Parti, em meios as poças: essas, de lágrimas. A exaustão por fim me venceu. Pernas trêmulas, cabeça pesada e respiração falha. Uma simples distração: fui ao chão. Cogitava como teria sido se, desde o princípio, tivesse lá permanecido, não caminhado. Estático no chão frio, mal conseguia me mover. Movimentava-se apenas minha mente. Ao fechar os olhos por completo, um filme era visto. Imaginava se estaria morrendo. Me dei conta de que não seria possível: eu já estava morto. Morto por dentro. Sempre obedecendo à rotina, aos caprichos dos que me rodeavam. A revolta tentou se manifestar, mas toda vontade já havia sido minada de meu ser. O sono foi longo, mas pareceu curto.Ao acordar, uma surpresa: uma mão. Estendida diante de mim, oferecia-me alimento e conforto. Sendo carregado, lembro-me de me sentir como um fantoche, em um teatro. O que, de fato, eu era. Deitado em uma cama confortável, descansei. Ao acordar, um banho e uma refeição. Logo dirigi a palavra à pessoa que ao meu lado estava, queria saber que circunstâncias a levaram a me ajudar. Disse-me que viu em mim mais que um corpo estirado ao solo, mas uma alma carente de ajuda. Completou por dizer que nada além de suas possibilidades havia feito: nada que uma pessoas de bem faria por outra de valor equivalente. Não me cobrou a breve estadia, nem os alimentos. Desejou-me boa sorte, na viagem que chamou de “vida”. As lágrimas voltaram. Mas dessa vez eram diferentes. Só pude agradecer e partir, diferentemente de como no começo de minha viagem. Ao sair daquela humilde casa, refleti: como podem as pessoas não crer na bondade, na compaixão? Senti-me envergonhado pelos meus momentos de revolta, normalmente associados a assuntos esdrúxulos. Por fim, acordei. Tudo não passou de um sonho, embora extremamente real. Mas, embora fantasia, meus pensamentos permaneceram intactos em minha memória. Tudo o que pensei, chorei e senti: toda a jornada. Nada pude fazer a não ser ajoelhar e agradecer. Ser grato por descobrir que há muito a ser observado além de uma primeira impressão, grato por não sofrer devido a fome, por ser capaz de me mover com minha próprias pernas, de ver com meus próprios olhos, de saber que os pequenos momentos da vida fazem dela tão fascinante e grato por ter aprendido a acreditar nas pessoas.Desde o começo, a chegada sempre foi a largada e o que me movia era fé: em um mundo onde as pessoas pudessem ser agradecidas pela grande dádiva da vida que possuem.
Mil sentimentos, mil egoismos
”Mil livros pra ler, mil bandas pra ouvir, mil coisas tentando ocupar o lugar, e só o amor (ou a falta de alguem) é o que me leva à escrever. Se eu paro pra ler cada uma das minhas frases ou textos, é tudo relacionado à isso. Tão pouca coisa sobre culpas, medos, fracassos, desapegos. Se pedissem pra eu me definir em uma só palavra, eu me definiria: Egoísmo.
Amor, amor amor. É tanto amor que começo a odiar essa palavra. São tantas as coisas das quais eu gostaria de falar, tantas, mas o meu excesso de fraqueza não me deixa. Eu passo o tempo todo procurando uma pessoa pra pensar, alguma música que me lembre alguém. Tantos são os problemas lá fora, aqui dentro, e só o amor me leva a escrever, e muitas vezes até ler. Os livros que não falam dele não tem o mesmo sabor, e o mesmo acontece com as músicas e os assuntos com as pessoas que me rodeam. Eu queria, por Deus eu queria algo que fosse além do amor, algo que me fizesse sentir, por Deus ou por qualquer coisa que as pessoas acreditem, qualquer coisa que me faça acreditar, qualquer coisa além. Além de mim, além do mundo que eu criei com todas essas barreiras impermeáveis, que antes era repleto de lágrimas e que hoje procura a raiva ou a indiferença. As coisas vão acabando tão rápido, sobra tão pouca coisa de tudo aquilo que a gente acreditou um dia, e quando nos vemos estamos com as mãos livres, livres mas vazias. É como no filme: “-De que adianta poder voar se não pode sentir o vento?”. É assim que eu me sinto, e é assim que quase todos sentem, até nisso eu deixei de acreditar, deixei de dar valor aos meus próprios sentimentos por saber que todos sentem a mesma coisa. Valor? Qual é o valor de todos esses dias? De todas essas coisas comuns que todos fazem? Chega de acreditar que aos 16 anos você é fora do comum, um ser estranho que parece ter vindo de outro planeta. Não sou assim, ninguém é assim, em algum lugar nessa mesma hora dessa mesma noite, existe alguém com esse mesmo sentimento de incapacidade, esses mesmos fracassos que ninguém conta nem pro travesseiro. Existe sim, em algum lugar dessa terra suja, alguém esperando o futuro pra poder realizar algumas de suas poucas vontades que ainda restam, pois os sonhos já deixou de sonhar à muito tempo. E não dói pensar isso, não dói pensar em mais nada, é aquela tal coisa seca que o Caio Fernando Abreu já dizia, e diz todos os dias através de cada uma dessas pessoas que sentem a frieza querendo tomar conta de si, mas insistem em, às vezes antes de dormir, pensar que algum dia alguém ou alguma coisa vai te tirar dessa. Não vai, não vou, não vamos. ”