Barry Strauss
"A questão política constrange as ações militares de duas maneiras: (1) nenhum general consegue realizar ações militares a menos que tenha o apoio de seus homens no campo de batalha e o apoio em casa. (2) Nenhuma vitória militar pode dar frutos a menos que force o inimigo a seguir nossa vontade. Não vale a pena ganhar uma batalha se o inimigo for capaz de continuar lutando".
MESTRES DO COMANDO - ALEXANDRE, ANÍBAL, CÉSAR E OS GÊNIOS DA LIDERANÇA - BARRY STRAUSS
São dez as qualidades que formam a base do sucesso da guerra de três grandes comandantes da história: Alexandre, Aníbal e César.
As nove primeiras são: ambição, julgamento, liderança, audácia, agilidade, infraestrutura, estratégia, terror e estilo. A décima é diferente, pois é algo que acontece com um comandante em vez de algo que ele possui - a qualidade da Divina Providência.
AMBIÇÃO: os gregos utilizam a palavra "philotmia" como a ambição. Literalmente, significa "amor pela honra". Uma outra palavra "megalopsychia", cujo significado é "grandeza da alma", refere-se a um impulso apaixonado para conseguir grandes feitos e ser recompensado com suprema honra.
JULGAMENTO: Bom julgamento, guiado por educação, intuição e experiência, define o sucesso destes três comandantes. Eram muito inteligentes, mas cada um tinha algo mais - uma qualidade conhecida como intuição estratégica.
LIDERANÇA: eram decididos, vigorosos e seguros. Tinham equipes que podiam ser consultadas - e que, frequentemente, prevaleciam sobre a opinião deles. Apelavam aos seus seguidores não apenas como conquistadores ou chefes, mas também como homens. Não que os comandantes apostassem na amizade para dirigir seus exércitos - longe disso. Atores habilidosos, eles podiam colocar fogo em seus exércitos ou extinguir a paixão deles. Eram mestres das recompensas e punições.
AUDÁCIA: A honra estava no coração de seu caráter. Coragem era o sangue vermelho em suas veias. Mas a virtude do guerreiro que melhor personifica Alexandre, Aníbal e César é a audácia. Porque amavam a honra, amavam o perigo. Passavam pelos mesmos riscos de seus homens e, por isto, ganhavam o coração deles.
AGILIDADE: eram soldados que enfrentavam o que fosse. Ou pelo menos, quase tudo: gostavam de mudanças no campo de batalha. Quando as condições de combate mudavam, eles se reorganizavam. Velocidade era o lema deles, enquanto mobilidade, uma marca registrada. Viajavam com poucas coisas, não mais que uma carroça de suprimentos. Eram mestres da multitarefa. Como guerreiros ágeis, nem sempre eram bons políticos: GUERRA É CLAREZA; POLÍTICA É FRUSTRAÇÃO.
INFRAESTRUTURA: ganhar uma guerra, manter um Exército vitorioso tem certas exigências: armas, armaduras, barcos, comida, dinheiro, muito dinheiro. Entretanto, uma coisa o dinheiro não pode comprar: a sinergia. Não pode comprar uma força armada combinada (infantaria leve e pesada, cavalaria junto com engenheiros) que esteja treinada para lutar em conjunto como um todo coerente - e unida com seu líder. Estes grandes comandantes foram capazes de construir isto sozinhos.
ESTRATÉGIA: em seu sentido original da Grécia, a estratégia se refere a tudo relacionado com as tarefas do general, de táticas de batalha à arte das operações (unir batalhas para alcançar um objetivo maior) até estratégia da guerra (como ganhar uma guerra). Pode-se acrescentar a isto, aquilo que se chama de GRANDE ESTRATÉGIA: o objetivo político mais amplo que serve a uma guerra. Grandes comandantes devem dominar todos eles. Todos estes três grandes comandantes possuíam uma estratégia: Alexandre queria conquistar o império Persa; Aníbal, destruir o poder de Roma; César, conseguir a supremacia política.
TERROR: estavam dispostos a cometer as maiores atrocidades e todos sabiam disto. Logo, seus inimigos os temiam com grande terror.
ESTILO: todos iam para guerra com grandes ambições, logo, precisavam de grandes causas e símbolos claros. Todos eram camaleões. Nenhum era homem do povo, mas todos eram populistas.
DIVINA PROVIDÊNCIA: Napoleão queria generais que não fossem bons, mas também tivessem sorte. Para o sucesso na guerra, sempre a Divina Providência foi essencial. Apesar de todo o planejamento, por mais bem feito que tenha sido, a Divina Providência acaba influenciando em questões decisivas. Como diz o ditado: "o homem planeja, Deus ri".
MESTRES DO COMANDO - ALEXANDRE, ANÍBAL, CÉSAR E OS GÊNIOS DA LIDERANÇA - BARRY STRAUSS
Três grandes generais: Alexandre, Aníbal e César. Os três combateram e seguiram um padrão comum. Apesar de muitas mudanças e de toda a tecnologia, desde os tempos antigos, os princípios da guerra mudaram pouco, da mesma forma que a natureza humana.
Cada uma das guerras destes generais consistiu em cinco estágios: ataque, resistência, choque, fechar o cerco, saber quando parar.
Os cinco estágios de um conflito:
(1) ATAQUE: a decisão de ir para a guerra leva à deflagração da luta guiada por um plano. O plano de guerra é crucial - como diz o ditado "fracassar em planejar é planejar para o fracasso". Mas todo plano enfrenta obstáculos. Estes obstáculos são a RESISTÊNCIA.
(2) RESISTÊNCIA: nesse estágio, o atacante precisa superar os obstáculos ou vai fracassar. Estes três generais foram bem sucedidos e forçaram seus componentes a entrar em um CHOQUE.
(3) CHOQUE: é a batalha ou as batalhas que deixaram evidente a supremacia do exército invasor. Mas vencer uma batalha não é suficiente. Um general bem sucedido precisa deixar seu inimigo de joelhos usando o que for necessário - perseguição, bloqueio, contrainsurgência ou outras táticas. Precisa usar seus recursos políticos e financeiros, além dos militares. Precisa estar pronto para dúvidas em suas fileiras e insurgência no exterior.
(4) FECHAR O CERCO: é o estágio mais complexo e desafiador de todos.
(5) SABER QUANDO PARAR: um soldado estadista, deve saber o momento certo de terminar a luta e de uma maneira em que faz mais do que cessar as hostilidades - estabelece a base para o mundo pós-guerra.
MESTRES DO COMANDO - ALEXANDRE, ANÍBAL, CÉSAR E OS GÊNIOS DA LIDERANÇA - BARRY STRAUSS