Bárbara Lédo
Quero uma droga que me tire essa vontade de te pegar de jeito
Quero algo que me faça temer
Talvez precise de um tiro ou de um pouco de poder
Faltam lágrimas e sobram dores
São terríveis
Cruéis
Amores
Nem sei mais disfarçar
Sua forma de olhar, seu jeito de abraçar
O desespero me domina
Não amo o ser, mas a vontade me fascina
Me engole
Me passa
Muito prazer
Agora deixe-me dizer
Dói saber o que você gosta de fazer
Prostituir seus sentimentos e vender pra alguém desigual
Sabe quando você sente que as coisas estão fora do lugar?
Que até o seu nome você não sabe pronunciar
São as conseqüências de uma cabeça em confusão
É fruto do que um dia se tornou ilusão
Ou daquilo que nunca foi verdade
Uma ou duas vidas
Cedo ou tarde
E nem me venha com histórias
Do acervo das memórias
Quero mais é viver em paz
Acordar sem olhar pra trás
O que tinha que acontecer com certeza já passou
Até larguei … o meu amor
Nossa, que confusão
Se pudesse escolher, ficaria com a sorte
Ou não
Vida, morte
.
.
.
O que me espera?
Eu que nem ao menos sei quantos passos dei até chegar aqui
Me faço de vítima, me escondo no escuro, não sei como agir
São escolhas tortas de um passado
Um sopro de um vento
Leve, calado
Simples, selado
Eu que nem ao menos sei se sou quem sou
Entre espaços estranhos e corpos oblíquos e o pouco que sobrou
Sou um olhar confuso
Uma bala perdida
Uma mente em pedaços
Personalidade encardida
Alma ferida
A verdade está na coragem de amar e sentir-se amado sem cobranças e tantas alienações. Aprisionar a si ou outrem não cabe para aquele que deseja amar. Parece fácil render-se às algemas do companheiro e culpar o que sentimos e não o que fazemos ou nos permitimos sofrer. Covardia. Afinal, atingir o inatingível é muito mais simples do que assumir as próprias derrotas. E nos deparamos num mundo assim, no qual nós mesmos ignoramos nossas atitudes numa pobre tentativa de não sofrer, quando estamos apenas adiando a dor do reconhecimento de nossos próprios erros.
No fundo talvez todos estejam se sentindo meio vazios, sabe? Fingimos estar sempre muito cheios disso ou daquilo, mas não passamos de copos em incessante progressão que nunca se deixam derramar ou desperdiçar líquido – este seria, no caso, um novo nome para um sentimento de fácil adaptação a espaços diversos.
Pessoas. A gente se apaga, apega, anula, vive, chora, sorri, morre, transforma, encontra, perde, prende e solta. No fim, a gente não esquece quase nada, pois o que acaba entristece, mas é importante entender que o que não se supera, meu bem, envelhece!
São rabiscos
Colagens
São os riscos
Bobagens
São medos
Desejos
São mãos, dedos
Palavras que despejo
São pensamentos
Maldosos
São momentos
Remorsos
Vício
A parte mais difícil dessa história
É entender o seu início
No meio, a gente chora
E agora se torna vício
Nosso Lugar
Nós estamos no olhar
Nas cores estampadas na parede
Estamos nas piadas
Ideias malucas
Viagens marcadas
Nós somos os passos confusos
As certezas imprevisíveis
Somos também sensíveis
Somos cartas marcadas
O que eu tive
Não tive a sorte tão cantada de um amor tranquilo
Mas o prazer de conhecer seu ombro amigo
Nossos conflitos, meu jeito aflito
Sonhos contigo e os encontros de identidade
Embora houvesse diferença na idade
Fomos o máximo e somos o que podemos ser
Sem maldade
Queria sim ter mais coragem
E te deixar feliz com a imagem
Sem temer nosso futuro, tudo que pode acontecer
O que sou
Sou a coragem do teu olhar apaixonado
O desejo que se esconde em seus abraços
Os meus detalhes se desfazem no cansaço
Nos seus beijos eu entrego meu espaço