Aurélio Schommer
Ninguém jamais ganhou uma guerra.
Pode ter atingido o objetivo, pode ter 'vencido', strictu sensu, mas ganhar, ninguém jamais ganhou.
A guerra é um jogo de perde-perde. E a não ser que o objetivo seja moralmente irretocável e fatalmente irrenunciável, é melhor não entrar em guerra ou, a qualquer tempo, desistir.
O filósofo não morre solitário e envolto em dilacerante sofrimento porque assim o desejou. O filósofo sabe que estar a dois é a única redenção possível além de Deus. O problema é que ele precisa de uma companhia sublime.
- Olhe, há os ricos. E os ricos exploram os pobres. Então os pobres tem que se unir, tomar o Estado para si. E então não haverá mais miséria. Todos serão ricos, pois todos trabalharão para todos.
- Mas, professor. Em Cuba todos são pobres.
- Isso é mentira da mídia golpista, que é sustentada pelos ricos, que odeiam os pobres.
Uma aula trivial numa escola brasileira típica, com um professor típico, que decorou esse discurso numa universidade típica, com professores típicos.
Enquanto as mentalidades não forem expostas à pluralidade do conhecimento, nenhuma reforma conseguirá mudar nossas escolas, e poderemos seguir, na melhor das hipóteses, o caminho da Venezuela.
Direita positivista - O Estado existe para manter a ordem, os empregos dos nacionais e um bocado de barreiras protecionistas para proteger nossos empresários patriotas.
Direita liberal-conservadora - O Estado existe para manter a ordem e garantir a sacralidade dos contratos em caso de estelionato.
Centro - O Estado existe para garantir a ordem (mas sem muita eficiência, senão também posso ser preso), empregos, moradia, bolsa isso e aquilo, educação, saúde, pensões, e o que mais pedirem, o importante é acharem que somos nós que estamos dando isso tudo.
Esquerda - O Estado existe como um fim em si mesmo, logo só o Estado deve existir.
Com qual posição você se identifica? Justifique.
Há ricos que se fizeram ricos pelo esforço e pelo investimento, expondo-se ao risco.
Há ricos que se fizeram ricos pela violência, pela monopolização da violência.
Há ricos que se fizeram ricos por escusas negociatas envolvendo o Estado.
Os segundos e os terceiros detestam os primeiros. Não admitem concorrência. Os Castro e seus capangas, de Cuba, e seus muitos seguidores mundo afora, estão aí para provar a tese.
De tudo que li e pensei, tenho apenas duas convicções:
1. Deus existe.
2. O socialismo é, disparado, a pior experiência de convivência e ordenamento social de toda a longa história humana, pois retira do indivíduo qualquer possibilidade de algum ato de valor.
Minhas eventuais opiniões outras decorrem dessas duas convicções.
Toda economia, toda sociedade, é um acordo entre aptos e ineptos. Os primeiros agregam valor. Os segundos os apoiam em troca do usufruto de parte do valor agregado.
No Brasil, os ineptos não apenas a todos governam como se dão a culpar os aptos porque a coisa toda não funciona.
A história conhecida de cada homem é a história do amor.
Do amor destroçado ou do amor finado apenas na morte física.
De uma ou outra se separa a morte desesperada ou serena.
O Estado, teoricamente, serve para prestar serviços e fazer valer as leis. No Brasil, majoritariamente, serve para servir seus próprios servidores, mesmo aqueles absolutamente desnecessários, sem relação com o zelo pelas leis ou com prestação de serviços.
Na história universal, observa-se que enquanto o problema geral era a escassez toda divergência política dizia respeito a como prover abundância.
A abundância finalmente chega em algumas partes nos séculos XVIII e XIX, e então pipocam as ideias socialistas, de como minar os mecanismos que levaram à abundância.
De modo que o socialismo não é uma revolta contra a escassez, mas contra a abundância. Tanto isso é verdade que os não socialistas de nosso tempo admiram exemplos de nações que promoveram a abundância, enquanto os socialistas preferem o regime que deixou os venezuelanos nove quilos mais magros em média nos últimos anos.
O conservador é como o quebra-mar que protege o porto.
Permite a ação dos ventos e das marés, não interfere no comércio que se dá no porto e em função dele, enquanto o protege da ação das ondas furiosas.
O socialismo nasce do discurso do ressentimento para propor a pilhagem dos que produzem como solução. Termina na pilhagem do povo pelos dirigentes dos governos socialistas. Todo esse filme passa aqui ao lado, na Venezuela.
Não há, na história humana, exemplo de amplas liberdades públicas sem amplo e legal reconhecimento do direito à propriedade privada. Se é verdade que tal reconhecimento não garante por si só as demais liberdades, também o é que a propriedade privada é indispensável a elas.
Trocar um sistema de livre mercado pelo socialismo é trocar uma opressão imaginária, subjetiva, por uma opressão real, objetiva.
A vida não ensina muito bem sobre os caminhos a seguir, mas dá fartas lições sobre os caminhos a evitar.
Ou seja, posso não ter certeza sobre o que é bom, mas não me faltam evidências sobre o que é ruim.
Se queremos mesmo atacar a desigualdade, a única forma de fazê-lo e ainda obter eficiência é eliminando os privilégios patrocinados pelo Estado com o resultado da tributação.
A tributação incide sobre todos. O privilégio é para alguns. Por isso, os maiores privilegiados vivem dizendo que a desigualdade é o problema a ser combatido com mais tributação. E quem paga pelos privilégios aceita esse discurso picareta.
O nacionalismo não é necessariamente racismo. Pode ser orgulho, pertencimento étnico e quetais.
O nacionalismo como marca de resistência à agressão interna ou externa pode ser um bem-vindo fenômeno. Cito o caso da Polônia, por exemplo.
O nacionalismo como proposta política finalística, aí sim, é racismo, sem dúvida. Condenável.
Igualdade perante a lei. Na medida do possível, igualdade à partida e solidariedade. Qualquer igualdade para além disso é farsa para esconder projeto de desigualdade aguda de poder.
A humanidade não tem nenhuma razão para desejar de volta o socialismo. No entanto, alguns indivíduos e grupos ainda o desejam. É natural: sempre houve, em todos os tempos e lugares, quem quisesse andar para trás, quem preferisse a destruição ao desenvolvimento, a escassez à abundância.
Quanto mais livre a competição de mercado, melhor distribuída é a renda, mais e mais pobres têm oportunidades para melhorar sua condição. As classificações internacionais de países por liberdade econômica comprovam, regra geral, que quanto mais aberta e livre uma sociedade, menos desigual ela é.
Os pobres, ah, os pobres. Há quem jure morrer de amor por eles, quando na verdade torcem para que permaneçam pobres e se convençam de que apenas governos de esquerda lhes darão assistência. Os pobres de verdade, enquanto isso, vão-se dando conta de que sem abertura econômica, as oportunidades não surgirão.
Autodepreciação leva à autocomplacência, que leva à perda de valores morais e familiares. A muitos interessam essas consequências. A nós, conservadores, não.