Aparecido Galindo
Há basicamente, dois tipos de escritores: Os arrogantes e os geniais.
Os primeiros fazem o leitor sentir-se um ignorante. Os segundos, mais humano.
Discordo que os grilos sejam displicentes, desconheço algum representante da espécie que tenha se equivocado em uma única nota.
Como é raro encontrar quem abra mão da comodidade das releituras e que se arrisque criando estórias.
Adaptar-se é o mais fácil. É cortar as arestas e tornar-se igual aos demais. As flores raras são encontradas em poucos lugares, as comuns, em quase todos.
Não é quem desconhece a Literatura que lhe causa danos e sim aquele que a instrumentaliza. No primeiro ela ainda não geminou, no segundo, já está morta.
Instrumentalizar a Literatura é o mesmo que debilitá-la. É como se o coração, ao invés de bombear o sangue, utilizasse de todas as suas forças para retê-lo.
Para ter uma existência prolixa em amizades, logo após saudar um conhecido é necessário perguntar: no que devo concordar contigo hoje?
Não são as características físicas algo determinante para a criação do Sentido através do personagem literário e sim a profundidade a ele aplicada. O que torna uma ave perita no voo não é o seu tamanho, mas como ela utiliza as correntes de ar.
É algo sintomático da literatura engajada de nossos tempos, buscar restringir o sentido da obra, uma vez que lhe é impossível coibí-lo.
Aquele que ao terminar um Romance destaca unicamente os possíveis erros ortográficos da obra, lembra de certa forma um Capitão que ao regressar da viagem inaugural de seu barco, relata ao Mestre Carpinteiro que há falhas na pintura.