Anya

As paredes desabavam como se fossem de papel
Molhadas pela chuva de outubro,
Fria e cinzenta,
Trazendo a tona o passado

Passado de sofrimento constante
Presa em uma cova
Cheirando a corvos mortos
E flores silvestres

Dei adeus a esse passado;
Sim, adeus. Ele não mais existe
Assim como o meu coração
E a minha alma

Ás vezes eu não sei o que estou fazendo aqui. Tudo parece tão vazio. Os planos, sonhos, expectativas das outras pessoas soam como palavras que o vento vai levar para um lugar profundo e inalcansável.
Não gosto de responder perguntas sobre o que eu penso. Tenho medo das reações sobre as coisas profanas que eu sempre quiz dizer, mas que ficam presas na minha garganta, e mentir sobre isto me deixa envergonhada.
Já não sei o que fazer. Para ser sincera, eu nunca tive um sonho. Desde pequena eu não sou estimulada a isso. É apenas: "estude bastante para ter bastante dinheiro e não ser uma inútil". É quase sufocante.
O pior de tudo é que eu fico calada como tantas outras ovelhas, que assim como eu, seguem o rebanho por várias razões. A minha é não querer magoar decepcionar ninguém.
Esse é o meu problema: eu penso demais nos outros. E isso me torna uma covarde.

Senhores, senhores...
Por quer nos abandonou?
Deixaram-nos queimar
Por miseráveis sem pudor

Servi-lhes não bastou?
Aqueles tolos pecadores,
Santos bastardos,
Não tiveram piedade de nossas famílias

Nos vingue, por favor
Em troca de nosso sangue,
O sangue que veio de seus corações
E que nos abençoou com o mais belo dos dons