António Nada

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Um vento diferente aproxima-se,
passa
à medida que a tempestade passa
Como se não passasse e não voltasse
Como se fosse para sempre

Ahh, como já sinto saudade dessa tempestade...


Mas NÃO! não, não, não não!
nunca mais vou ter de a ouvir! de a respirar! de saber como era se ela não existisse
Como se as memórias que tenho
não passem de memórias vagas e de uma
guitarra que continua a
escrever com a
pressa,
a pres-
sa,
ai a p
r
e
s
s
a, a prssa, a prss
a pressa de acabar,
de acabar, de acabar
de acabar
de a c a b a r.


Vai embora
E deixa assim
como está,
o que não está
o que estará
e o que certamente estará.

Vai e não te faças
de pobre quando estiveres
à beira do abismo,

E quando as palavras não tiverem significado
eu arranjarei palavras
para te dizer o que podia sentir
não fossem
as palavras que juraste esconder em segredo
para não as teres que dizer quando se aproximar o dia
quando a vontade te deixar sem hipóteses
e sem forma de as dizeres.

E por fim, que morras engasgada com elas.

Inserida por homemSilva