Antonio Matienzo
Ao vulgo agrada enaltecer a própria sinceridade, especialmente quando questionada sua falta de modos.
Transformar o próprio talento em realização pessoal depende de bom-senso e autoconfiança, duas qualidades que se odeiam.
Quanto embotamento é necessário para considerar o nascimento e a morte como nossos eventos mais extraordinários, quando a mais simples lógica demonstra o exato contrário?
Ciúme e desconfiança são vozes do ego. O ego tem sua função, mas se faz necessário decidir se queremos autoproteção ou amor.
Sob observação imediata, todas as nossas próprias ações são sempre e integralmente justificáveis, o que invalida a tese da culpa.
Quando alguém pensa que está sofrendo pela perda de um amor, quase sempre (e talvez sempre) está sofrendo pela mais vulgar perda de um conforto. O amor é, por mais belo e prodigioso que seja, quando propriamente dito e no fim das contas, um fardo.
Lei tri-fatorial do amor: só amo de fato alguém ou algo se reconheço seu valor, intento seu bem e agrada-me sua presença.
Eliminadas todas as desordens opinativas, destilamos uma única questão política relevante, ainda que perturbadoramente irrespondível: onde termina a liberdade e começa a nocividade da expressão ideológica?
A única relação entre os seres que faz sentido ser trabalhada é a ética, e o caminho para a ética é a simplificação, não a complexificação. Nossa animalidade se estrutura bem em grupos restritos e isolados (ou conforme intuiu Epicuro, "em pequenos grupos de mesma opinião"). Essa possibilidade (como via geral) já se extinguiu há muitos séculos, e por mais que ignoremos, desde então nossa espécie se transformou numa praga fora de controle, progressivamente concentrada em urbes, consumindo recursos naturais num ritmo irrestituível, e causando sofrimento extremo e diário a bilhões de vertebrados, em escala industrial.
Um relacionamento interpessoal só é saudável quando presença e ausência, necessariamente ambas, são saudáveis.
Não vejo um Mal e um Bem no sentido metafísico, nem tampouco atribuo à espécie humana uma natureza má. O que chamam de Mal me parece apenas a natureza inercial, e o que chamam de Bem, a natureza evolutiva das coisas.