Antônio Gonçalves
SINFONIA
A música de Amadeus
Ondula estendida no varal.
Aguarda por esse poeta que escorre da calha
E desliza pela poesia que inunda a sala
Onde uma sombra de luvas brancas
Me apanha nos braços.
Melíflua e lúdica, tu me aguardas, nua,
Estirada na cama sobre um lençol de estrelas
Que ilumina a noite de cobre dos teus cabelos
E o aço da tesoura que tu usas
Para cortar em tiras esses versos
Servidos à sombra que me pôs junto a ti,
Que me cobre com a sinfonia de Amadeus
Recolhida do varal por um par de luvas brancas
Usadas para me afagar o peito
E fazer vibrar cada nota do meu corpo
Enquanto a sombra governanta
Se transmuta em uma vela
Que Ilumina nosso amor.
Antônio Gonçalves
VESTIDO DE PRIMAVERA
Dormes no gramado
E por entre as folhas do jardim,
Rosas alaranjadas
Se entrelaçam
Formando esse vestido de primavera
Que te cobres o corpo nu
Abraçado pela manhã
Em que um violinista
Te acorda
Com os acordes
Florais
De uma valsa
Que te faz sair dançando
E espalhando pelo jardim
De Vivaldi,
O perfume de notas
Do teu vestido de orquestra.
Antônio Gonçalves