Antonio Costta
AOS INIMIGOS
Foi Jesus quem ensinou
A amar, com o mesmo empenho,
Nossos próprios inimigos...
(Inda bem que não os tenho!)
ONISCIÊNCIA
O homem vê a aparência,
Tem limitada visão;
Mas Jesus, na onisciência,
Contempla-lhe o coração!
TRAIÇÃO
O homem a mente burila,
Faz-se forte, qual Sansão,
Mas das mãos de uma Dalila
É que vem a traição!
O AMOR
O amor é um tesouro
que dentro de nós guardamos;
mas somente vale ouro
quando o compartilhamos!
NATAL
Que Cristo lembre alegrias
Não somente nos natais,
Mas nasça todos os dias
Nos corações fraternais!
NUNCA DEIXE
Nunca deixe a mão esquerda
Ver o que a direita faz;
Essa tal de “mão esquerda”
É fofoqueira de mais!
A MAIOR E MELHOR RIQUEZA
A riqueza que nós temos,
Dentre todas a mais bela,
É aquela que podemos
Entrar no Céu por ela!
PARALÍTICOS
Paralíticos são os que não amam,
os que não perdoam...
vivem atrofiados
e não podem caminhar para o Céu!
ENDEREÇO
A minha morada fica
Em meio à Rua do Amor;
Uma placa a identifica:
“Aqui mora um sonhador!”
INFANTE
A minha poesia é
Infante feito criança...
Mas a vida é um carrossel
Brincando com a esperança!
QUEM NÃO AMA A POESIA
Quem não ama a poesia,
Essa musa tão concreta;
Não sabe da alegria
Que sente todo poeta!
MARCAS DE AMIGOS
Fiz marcas na terra,
No céu e no mar;
As mais importantes
Eu vou lhe falar.
Não foram nas dunas,
Pro vento levar...
Nem foram na areia,
Pro arrasto do mar.
As marcas deixadas
No meu caminhar;
São marcas na pedra,
Pra sempre durar!
E foram talhadas
Com muita atenção
No lado direito,
No meu coração!
São marcas eternas,
Pra nunca acabar.
São marcas de amigos
Que fiz ao passar!
O DIA MAIS FELIZ DE MINHA VIDA
Eu queria, entre muitos, nesta hora,
Ter o dom da palavra, ser poeta,
Para dizer-te, filha, que agora
A vida de teu pai está completa!
Queria me valer da voz do esteta,
Ter o verso e a rima mais sonora,
Contar-te que atingi a minha meta...
Que já posso, filhinha, ir embora.
Pois os passos que dei rumo ao altar,
Sorrindo e com vontade de chorar,
Levando-te aos braços d’outro alguém,
Foram os mais felizes de minha vida!
Entregando-te às mãos, filha querida,
Ao jovem que te ama e te quer bem!
SE...
Se incomodo alguém
É porque existo;
Se me elogiam
Sinto-me bem quisto;
Se falam de mim
Não choro por isto;
Eu sou imperfeito
Mas não anticristo.
Se me fecham a porta
Eu nunca desisto.
Se semeiam a guerra
Na paz eu persisto;
O ódio aproxima-se
Mas dele me disto!
Os tele-jornais
Eu sempre assisto.
As tele-novelas
Não tenho mais visto.
Os produtos da feira
Numa folha eu listo.
Somente me atraso
Quando há imprevisto.
Quem vê só os outros
Não vê que é mal visto!
Quem não ama ao próximo
Não ama a Cristo.
Os versos que faço
Releio e revisto.
Se não sou poeta
Que tendes com isto?
Na hora da fome
Um pão é um misto!
AS PALAVRAS
As palavras estavam soltas
Aleatórias
Desgovernadas...
Eu só fiz juntá-las.
As palavras-peixes
Nadavam livres
Em águas claras,
Em rios perenes...
Eu só fiz pescá-las.
Na feira das palavras
Quanta matéria prima!
Comprei metros,
Comprei rimas
E fiz poemas.
Agora te ofereço
O meu pacote
De palavras juntas
Chamado livro.
São palavras presas
Em páginas brancas,
São palavras pássaros
Que ainda cantam.
MINHA TERRA TEM PALMEIRAS
Minha terra tem palmeiras
Mas não canta o sabiá
Foram contrabandeadas
As aves que tinham lá.
Admiro a minha terra,
A beleza do lugar;
Minha terra tem palmeiras
Mas não canta o sabiá.
Minha terra tem palmeiras
Bem poucas, é bom falar;
Foram muitas arrancadas
Pro pregresso se instalar.
Progresso?... Meu Deus do céu!
Que progresso tem por lá?
Se cortaram as palmeiras...
Se não canta o sabiá!
ÁGUAS DA POESIA
A minha terra, Pilar)
Já procurei te esquecer,
Mudar de assunto, evitar,
Pra não estar te lembrando
Quando de amor vou falar.
Mas as águas da poesia,
Onde vivo a navegar,
São como as do Paraíba:
Têm que passar por Pilar!
Têm que passar sussurrando,
Têm que passar desejando,
Querendo te conquistar...
Mesmo quando, em desatino,
Numa enchente do destino,
Seguem soltas para o mar!
CHOVE CHUVA!
Chove chuva choradeira,
Chove, chove sem parar!
Chove o dia, a noite inteira,
Que quero em ti me banhar!
Chove chuva de poesia,
Sobre o dia de Pilar,
Na noite de Itabaiana,
Chove por todo o lugar!
Chove chuva de alegria
Nos versos que vou cantar;
Chove rimas na poesia
Que desejo versejar!
Vem lavar minha tristeza,
Lava a lágrima do olhar;
Vem dar vida à natureza,
Ao bosque do meu sonhar!
Chove, chuva de poesia,
Chove, chove sem parar;
Chove a noite, chove o dia,
Que quero em ti me banhar!
CHUVA DE POESIA
Em meio a mundo tão seco,
Vem uma chuva macia
Chover em nosso telhado,
Correr por nossa biqueira,
Deixar o campo molhado!
Em meio a tanta tristeza,
Chove uma chuva macia,
Rompendo o calor do dia,
Trazendo um banho de paz
Por seus pingos de alegria!
Será chuva de inverno
Que cai em nosso telhado,
Que deixa o campo molhado,
Que deixa a vida florida,
Que verde deixa o sertão?
Em meio a mundo tão seco,
Sem paz, amor, sem perdão,
Chove uma chuva macia,
Que ninguém sabe a razão.
Uma chuva silenciosa
Que não molha a multidão,
Nem transborda nas barragens...
Somente em meu coração!
“VERDE QUE TE QUERO VERDE”
(Inspirado no verso de Frederico Garcia Lorca)
Verde que te quero verde
Na floresta enverdecida;
Verde cada vez mais verde
No palco verde da vida!
Como era a vida tão verde,
Como era tão verde a vida!
Verde vida vida verde
verde verde vida vida!
Mas o verde que gera vida
Fora dos olhos mais verdes
Virou deserto sem vida
Virou floresta queimada,
Virou poeira e carvão
Que se levanta na estrada!
Virou conjunto de casas
Virou um solo asfaltado.
Oh! Homem que o verde tira,
Que atira fogo no verde;
Por que fazer sua mira
No alvo verde da terra?
Não vê que faz uma guerra,
Que contra a si mesmo atira?
E quando em que verde vira
Diferente é sua lira!
É o verde horizontal
Do vasto canavial.
Não é verde replantado:
É verde vasto de soja
E dos cercados de gado!
Pois acham mais importante
Enriquecer num instante,
Empobrecendo o futuro;
Não ter oxigênio puro,
Não ter floresta nem nada;
Não ter pássaro que cante,
Não ter uma onça pintada;
Um verde mais verdejante,
Viçoso com a invernada!
NA CURVA SINUOSA DOS QUARENTA
Na curva sinuosa dos quarenta
Procuro viver mais pela razão,
Pois a vida não é feita de ilusão...
É real e não passa em marcha lenta.
Na curva sinuosa dos quarenta
Analiso o que fiz se foi em vão.
Se fiz certo em seguir meu coração...
Se traduz a verdade que aparenta.
Que legado deixarei nos meus trilhos?
Que futuro darei para meus filhos?
Que exemplo deixarei em minha lida?...
Na curva sinuosa dos quarenta
É quando a gente para, a gente enfrenta,
Os maiores desafios desta vida!
CELEBRAÇÃO DO AMOR
Celebramos, na noite constelada,
Treze anos de amor, você e eu.
Duas vidas e a mesma caminhada
Pelas estradas que o Senhor proveu.
Celebramos por toda a madrugada,
Como d’antes jamais aconteceu.
Quanto mais lhe chamava –minha amada...
Mas você me respondia... –amor meu.
Muitos abraços, trocas de carinho,
Permearam toda noite o caminho
Na estrada do prazer mais soberano...
A noite inteira então ficou pequena,
Choveram rimas, versos de poema,
E mil vezes lhe ouvi dizer: TE AMO!