Antonio Cicero

Encontrados 17 pensamentos de Antonio Cicero

Água Perrier

Não quero mudar você
nem mostrar novos mundos
pois eu, meu amor, acho graça até mesmo em clichês

Adoro esse olhar blasé
que não só já viu quase tudo
mas acha tudo tão déjà-vu mesmo antes de ver.

Só proponho
alimentar meu tédio.
Para tanto, exponho
a minha admiração.
Você em troca cede o
seu olhar sem sonhos
à minha contemplação

Antonio Cicero

Nota: Trecho da música Água Perrier, em parceria com Adriana Calcanhotto.

não sei bem onde foi que me perdi;
talvez nem tenha me perdido mesmo,
mas como é estranho pensar que isto
aqui fosse o meu destino desde o começo.

Antonio Cicero
A cidade e os livro. Rio de Janeiro: Record, 2008.

Adoro esse olhar blasé
que não só já viu quase tudo
mas acha tudo tão déjà-vu mesmo antes de ver.

Antonio Cicero

Nota: Trecho da canção Água Perrier, em parceria com Adriana Calcanhotto.

Adoro, sei lá por quê,
esse olhar
meio escudo
que em vez de meu álcool forte pede água Perrier.

Antonio Cicero

Nota: Trecho da canção Água Perrier, em parceria com Adriana Calcanhotto.

Com que direito considerar o poema "Os Lusíadas", digamos, melhor ou mais memorável que a canção "A Eguinha Pocotó", quando muita gente prefere esta?

Antonio Cicero
A questão dos valores. Folha de S.Paulo, 31 out. 2009.

Eu espero acontecimentos, só que, quando anoitece, é festa no outro apartamento.

Antonio Cicero

Nota: Trecho da música Acontecimentos, composta em parceria com a irmã, Marina Lima.

Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

Antonio Cicero
Guardar: poemas escolhidos. Rio de Janeiro: Record, 1996.

E eu não quero amor, nada de menos
Dispense os jogos desses mais ou menos
Pra que pequenos vícios
Se o amor são fogos que se acendem sem artifícios

Antonio Cicero

Nota: Trecho da canção O lado quente do ser, composta em parceria com a irmã, Marina Lima.

Inserida por manilton

Se você não me quiser, eu vou respeitar.
Eu juro.
Como alguém que apaga a luz,mas tem seu altar no escuro.
E no decorrer dos meses, já não sei mais quem eu sou.
E a pessoa refletida no espelho dos seus olhos?
Por onde foi que entrou? (...)
Mas um dia foi você que soube apontar um futuro pra nós.

Antonio Cicero

Nota: Trecho da canção No escuro, composta em parceria com a irmã, Marina Lima.

⁠Enquanto o poema é a finalidade da poesia, a finalidade da filosofia é a própria filosofia.

Inserida por hinriqui

⁠Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade.

Antonio Cicero

Nota: Trecho de carta de despedida escrita antes de sua morte, em outubro de 2024.

Inserida por pensador

⁠Canção do amor impossível

Como não te perderia
se te amei perdidamente
se em teus lábios eu sorvia
néctar quando sorrias
se quando estavas presente
era eu que não me achava
e quando tu não estavas
eu também ficava ausente
se eras minha fantasia
elevada à poesia
se nasceste em meu poente
como não te perderia

Antonio Cicero
A cidade e os livros. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Inserida por pensador

⁠As livrarias

Ia ao centro da cidade
e me achava em livrarias,
livros, páginas, Bagdad,
Londres, Rio, Alexandria:
Que cidade foi aquela
em que me sonhei perder
e antes disso acontecer
aconteceu-me perdê-la?

Antonio Cicero
A cidade e os livros. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Inserida por pensador

⁠Orelha, ouvido, labirinto:
perdida em mim a voz do outro ecoa.
Minto:
perversamente sou-a.

Antonio Cicero
Guardar: poemas escolhidos. Rio de Janeiro: Record, 1996.
Inserida por pensador

⁠O fim da vida

e não há, depois da morte,
mais nada.
Eis o que torna esta vida
sagrada
ela é tudo e o resto, nada.

Antonio Cicero
Porventura. Rio de Janeiro: Record, 2012.
Inserida por pensador

⁠Os juramentos que nós juramos
entrelaçados naquela cama
seriam traídos, se lembrados
hoje. Eram palavras aladas
e faladas não para ficar
mas, encantadas, voar.

Antonio Cicero
Porventura. Rio de Janeiro: Record, 2012.

Nota: Trecho do poema Palavras aladas.

...Mais

⁠Muro

E se um poema opaco feito muro
te fizer sonhar noites em claro?
E se justo o poema mais obscuro
te resplandecer mais que o mais claro?

Antonio Cicero
Porventura. Rio de Janeiro: Record, 2012.
Inserida por pensador