Antônio Carlos Pinheiro
ACRÓSTICO EM MINHA HOMENAGEM
V i uma luz, incandescente, a clarear,
Iluminando em seu fulgor a barra inteira
Luz na no forte, em São Marcelo, Amaralina,
Muito mais brilho no Farol, no Forte, Ondina,
Abaeté era só luz de beira a beira.
D e tanto espanto, eu me indaguei, como que louco!
E a luz, intensa, indiferente a minha queixa,
Forte e brilhante muito mais do que há bem pouco...
A brisa, o vento sussurra: segue, deixa
Tamanho brilho, dessa forma, nunca visto,
Igual a tanto deve ser sinal do tempo,
Mas tempo a vir, como nos foi longe previsto,
Alteração, sim, dessa coisa espaço-tempo.
O que escutei, da cena em mim, de todo o espanto
Lívido, em transe, comportei-me estupefato;
Indiferente quis ficar com o como e o quanto,
Vi nesse quadro, embevecido, estranho fato.
E m que a força veio a nós, Sua Presença
Indicativa do poder que lhe foi dado,
Reino de paz em fúria santa, que a descrença,
Alienada, tem de ver por seu pecado.
Lenta, depois, amanheceu e veio a calma,
Era manhã, de sol, bonita e claro dia,
Interessante como após que o susto passa
Todos se voltam a sua rotina, e foi uma graça:
Era só Vilma trabalhando em poesia.
RÉPLICA DO POEMA: AMOR, NOVO AMOR!
Sim, esse amor que te procura que te abraça?
Aos poucos vai te seduzindo mansamente,
Não é um manto celestial, é bem terreno,
Que quer te ver toda enlaçada nos meus braços
Que te balança em melodia das esferas,
Que te convida a viajar pelas estrelas!
De onde é que vem esse outro alguém que te entontece?
Que te desperta de um torpor, de uma aflição,
Que te oferece olhos e mãos a cada dia,
Que dessedenta essa tua sede quase eterna,
Que bem te “escuta” nas tuas horas de tristeza,
Que fica atento ao que reclamas, noite e dia!
De onde é que vem esse parceiro que te espanta?
Que traz conforto, lenitivo quando sofres...
Que satisfaz o necessário ao dar afago,
Que te atordoa toda a alma em beijos longe,
Que te dá calma ao corpo inteiro com carícias!
De onde é que vem, feitio de gente, mas é anjo?
Se não me vês, sentes, contudo, uma presença...
Lenta, silente, pouco a pouco te invadindo...
A um só tempo, o coração, o corpo, tudo,
E ganha forma, cresce em torno de ilusões
Criando espaço em teu espaço, todo em ti,
Vem calmamente, leve pluma como a brisa,
Pra te tomar, depois, inteira, para mim!
Não vem de longe, de tão longe, de além-mar!
Sem pedigree, é teu vizinho, pé-no-chão.
É caipira, nordestino, é sofredor.
É brasileiro, fala a língua que aprendeste,
Mal veio ao mundo, em tudo somos muito afins.
E sendo assim, meio poeta se diz ser,
Tem romantismo, tem carinho para dar,
Não vende, oferta, do que tem dá para mim.