Sei que sou assim:
Desde o princípio ao fim,
só restos de mim.
Sendas de Bashô:
Pelos roteiros do sol,
aprendo caminhos.
O pincel na mão,
pinta Nijinski na tela:
No jardim, silêncio...
Neva no sertão,
o som do cincerro avisa:
Tropa vem aí.
Meu troféu maior,
foi o beijo que me deste:
Romance furtivo.
Seu laço de fita,
abalou meu coração:
Paixão virtual.
No meio da chuva,
sem capa nem pai nem mãe:
Sujeito real.
Acordei aos gritos,
"Já raiou o fim do mundo!"
Coisa do 18.
Vou no trem da vida,
rumo a destino ignorado:
Condutor divino.
No vôo da gaivota,
avisos ao lavrador:
Encerrou-se o dia.
Criança de rua:
Berço esplêndido nenhum,
sequer mãe gentil.
Não conhece o mar,
sequer o fluxo das águas:
Homem do sertão.
Cinzas de vulcão,
lembram-me poeira cósmica:
Sem tréguas no Chile.
Só pego carona,
no "Cometa de Papel":
Energia eólica.
Tarde das cigarras,
concertos às seis e meia:
Fim do expediente.
Flores de verão,
mas só na Praia das Rosas:
Cupido senil.
Achei um haicai,
com os braços cheios de flores:
No cartão, seu nome.
Floresce a Verbena,
num arco-íris de flores:
Abelhinhas ávidas.
Cai na tarde quente,
um temporal de verão:
Chuva de cristal.
FETICHEIRO & ANTONIO CABRAL FILHO - RJ
#
Não dava para crer,
Mas a verdade impõe-se
Contra todas as nossas forças:
Era uma jamanta de homem,
Capaz de enfrentar o Hulk,
Mas virava uma boneca,
Chorava e gritava “socorro!”
Ante uma simples barata.
*
Haicai Joaninha
No jardim dos sonhos,
joaninha foi ao jantar:
Ar de primavera.
Antonio Cabral Filho - RJ
http://acf1408.blogspot.com.br/