António Barahona
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Escrevi milhares de versos
para esquecer. Amei algumas mulheres
para lembrar. Agora já posso dizer
o som em carne viva.
OFERENDA
É preciso ser gratuito,
dar-se de graça
e agradecer por nada receber em troca:
santificar a poesia.
Por dentro era o som dum violino
por fora havia um vago marulhar
menos que nunca penso no destino
e bebo a tua sombra devagar.
Mas não envelhecemos sempre esperançados
na juventude eterna que não deixa marcas
Estamos marcados desde que nascemos,
transviados por onde não há estradas:
somente caminhadas sem sair de becos,
miragens de desertos nos confins das ilhas
Passam por nós os anos e só fica
um sulco que se fecha na memória em ferida