Antônio A. Souza
Leio, releio e transleio toda a minha vida à procura de respostas
Mas não encontro nada além de linhas tortas
Vejo o cinza até onde há cores
E arco-iris se tornarem terrores
Procuro a tristeza até onde a felicidade é forte
Pois não acredito que mereço nada além de cortes
A direção da vida muda como o vento
Porém percebo que nada em mim mudou, não há ninguém me vendo
Sinto dores, tremores, arrepios e guardo mágoas
Mas consigo ser tão profundo como águas rasas
Isso me extingue, me mata
Mas é sempre o seu amor que faz com que eu renasça
Palavras sem valor, bebidas sem teor, sinceramente acho que agora quase nada me abala, apenas uma coisa
Os surtos da madrugada.
Margaridas não tem espinhos.
Em nome de meu jardim, lhe declarei flor. Uma margarida, a sua favorita.
Aparei todas as ervas daninhas que se alastraram em seu arredor, reguei-a para que crescestes bela e saudável.
Você deixou com que eu escorresse lágrimas em suas pétalas, absorveu e mesmo com o gosto salgado fizestes delas uma dádiva.
Porém, mesmo com todo cuidado e carinho, no final, tu não pudeste pertencer ao meu jardim, não pode ser a minha flor.
Afinal de contas, margaridas não tem espinhos.