Anthony E Zuiker
Tudo em Sibby - seu toque, seu sabor, seu aroma, a visão de seu corpo - era mais forte do que qualquer droga que Dark jamais tinha encontrado. Ela sabia exatamente como trazê-lo de volta à terra, e de alguma forma percebia o que ele precisava desesperadamente
Não importa-va que houvesse um ligeiro tremor de terra, porque ambos não precisavam ligar para ninguém. Estavam ali juntos, e isso era tudo o que importava.
Um por dia vai morrer
Dois por dia vão chorar
Três por dia vão mentir
Quatro por dia vão suspirar...
Cinco por dia vão questionar
Seis por dia vão fritar.
Sete por dia...
O que será....
Você traz com esforço uma vida ao mundo e depois lhe dá as costas? Vou lhe mostrar o que acontece quando Deus vira as costas para você, minha filha...
O corpo tinha um infinito fascínio para Dark, mas a alma dela era o que o fazia sentir-se mais à vontade. Ele já não se preocupava em poluí-la com seu sofrimento. Há muito tempo já não fazia, pois ela parecia imune. E parecia exercer sobre ele um efeito curativo.
A manhã era um desafio, uma bênção, uma preparação. Estar sozinnho de manhã era tolerável porque sabia que Sibby estaria esperando por ele quando voltase. Mas as noites, as horas intermináveis até a madrugada...
Eram horas ainda cheias de angústia, mais difíceis agora.
Dark sentou-se no sofá, deixando que o ar fino do oceano lhe enchesse os pulmões e ficou olhando os pequenos pontos de luz no céu noturno. Pareciam centenas de olhos flamejantes que o contemplavam.
Sibby sabia do que ele gostava daquilo, da sensação que lhe produzia. Era do que precisava naquele momento para que sua mente esquecesse a dor. Ainda que apenas temporariamente.
Não importava que houvesse um ligeiro tremor de terra, porque ambos não precisavam ligar para ninguém. Estavam ali juntos, e isso era tudo o que importava.
Quando deponta o sol, bem cedo, o mundo parece mais irreal, banhado naqueles primeiros raios de luz que surgem por trás do horizonte. A escuridão é expulsa. Tudo fica perfeito novamente.
Era capaz de amá-lo agora, livre e incondicionalmente, porque sabia como proteger-se caso o mundo desabasse. Assim como parecia que estava acontecendo naquele momento.
Os seres humanos revelam suas emoções não apenas por meio de palavras, mas também com uma sinfonia de tiques e movimentos faciais.
Como somente com eles seria capaz de se libertar, de poder sentir novamente. E era tão bom poder sentir. Sentir que a vida era mais do que uma série de funções básicas, executadas por rodas dentadas anônimas numa máquina grande edmais para poder ser vista. Sem ela.. bem., sem ela, ele sabia que voltaria a ser pouco mais do que uma máquina.
Eu te amo. Você é a unica coisa pela qual vale a pena morrer. E eu sei disso, porque você é a única coisa pela qual eu vivo.
Talvez ele o amarrasse e fizesse dois buracos com a furadeia em seus ouvidos, para que pudesse ouvir os sons dividos. O divino siêncio.
Nada de lógica dedutiva. Nada de raciocínio. Nada de instintos . Nada de palpites.
Sou o monstro em que estou pensando ?
Ela tentou substituir Sibby, pensando que poderia tirá-lo da beira do abismo, mas Dark não queria uma substituta para Sibby. Não queria nada exceto fazer seu trabalho.
Ela poderia dar a Dark as chaves para sua vida anterior, fazer dele novamente um caçador de monstros.
Com a filha no colo, Dark presenciara a descida de sua mulher para a cova. Era como se observa-se um grupo de desconhecidos enterrando seu coração.
Quando estava em uma igreja, lembrava-se dos pais adotivos. Enquanto você estiver orando a Deus, tudo estará bem, explicara certa vez seu pai.
O enforcado, representa a história de Odin, um deus que se sacrificou para obter conhecimento, que depois compartilhou com a humanidade.
Na carta, o Louco, iniciava uma jornada, levando seus pertences a tiracolo, com o sol do esclarecimento brilhando sobre si e a rosa branca da espontaneidade na mão. O cachorro ao seu lado, no entanto era a voz da razão, instando-o a ser cuidadoso. Se não, ele poderia cair em um precipício.