Anne Moseley
Eu parei um pouco para entender o que estava acontecendo, mas nem todo o tempo do mundo me explicaria a confusão que estava se tornando a minha vida.
Os dramáticos desejariam a morte, os fortes simplesmente não sentiriam e eu, eu a que não me coloco em nenhuma das categorias, não sinto, não desejo, não faço nada.
Por mais que eu quisesse controlar as minhas lágrimas, meu maldito coração mandava elas entrarem em ação justamente agora, agora que eu precisava manter pose firme e tudo mais. Por que esse infeliz simplesmente não para de bater?
Ao chegar no ponto certo o sol já estava se pondo. Incrível como até ele se incomoda com a minha presença. Adeus sol!
Tudo me parece fora do alcance, como algo no alto da prateleira que meus braços não conseguem pegar.
Então os olhos dele se chocaram com os meus. Congelados e brilhantes. Foi a primeira vez que me encarou tão intensamente e eu simplesmente não aguentei.
Poderia passar horas por aqui, apenas olhando pro nada, apenas imaginando uma vida melhor, uma vida sem problemas, o que eu sei que é impossível. Não sei, talvez sorrir seja uma ótima ideia.
Congelei sem sentido.
Só queria fugir.
Fugir de tudo, tudo mesmo. Até porque tudo nesse mundo me incomoda.
Talvez o útero fosse o lugar mais seguro para eu passar o resto dos meus dias até fechar os olhos e dizer adeus.
Seria um completo suicídio aceitar ele para mim mesmo como meu. Algumas amigas minhas costumam dizer que garotos bonitos te tornam uma própria suicida.
Eu poderia dirigir o meu carro feito uma bêbada de noite por uma estrada vazia e fria, o encostar em algum lugar, aumentar o som no máximo na minha música preferida, depois encheria os pulmões para eu conseguir gritar ao mundo o quanto ele era merda. Tipo esses loucos que ficam em praças falando que o mundo irá acabar.