Anne Helen Petersen
Só estávamos esperando a próxima bomba estourar, ou o fundo do poço ceder, ou qualquer outra metáfora que prefira para descrever a sensação de mal alcançar um lugar de alguma estabilidade financeira ou profissional e ao mesmo tempo ter a certeza de que tudo pode e vai desaparecer mais cedo ou mais tarde.
Estamos exaustos pelo trabalho de tentar manter algum equilíbrio: para nossos filhos, nos nossos relacionamentos, nas nossas vidas financeiras. Fomos condicionados à precarização.
Como as gerações antes de nós, fomos criados à base de uma dieta de meritocracia e excepcionalismo: que cada um de nós transbordava de potencial e que tudo que precisávamos fazer para transformar esse potencial em realidade era trabalhar com afinco e nos dedicar. Que, se nos esforçássemos, não importava qual fosse nossa situação, encontraríamos a estabilidade.
Ser adulto é difícil porque viver no mundo moderno de alguma forma consegue ser, ao mesmo tempo, mais fácil do que nunca e absurdamente complicado.
Tiramos os olhos do nosso trabalho e percebemos que não há como ganhar no sistema quando o próprio sistema está quebrado.
Parece que é mais difícil do que nunca manter nossas vidas – e a vida da nossa família – em ordem, financeiramente estáveis e preparadas para o futuro, em especial porque nos é exigido atender expectativas altas e, muitas vezes, contraditórias.