Anna Thamiris Soares
Espertos seriam aqueles que não comprassem os ingressos da peça teatral mais imprevisível do mundo: o amor.
O que te impulsiona a querer ser bem mais do que você é hoje? Ir bem mais além? O que anda sendo seu combustível? O motivo de você tentar? Será então, firme, essa sua base? Talvez seja grosseiro da minha parte impor a dúvida do que você julga ser a sua felicidade, quando ela não partir de você mesmo. O mal de quem ama é confiar demais, se dedicar demais. Ser 8 ou 80 não cheira a um bom final. E final pra que? Existe algo mais manjado do que o final feliz que todos almejam? Eu nunca fui boa com finais, com despedidas. O fim, seja do seu livro favorito, da série que você acompanhou durante anos, do seu namoro, ou até mesmo do seu café, não são tão aceitáveis para mim como para a maioria. Finais, simples ou catastróficos tem a mesma intensidade em alguém que acredita no 'Para sempre'. Eis então, o erro. E se o que te faz enxergar além do que se vê, se for? E se o final para sentimentos tão bons chegar? Quem será você, perdido na imensidão negra e vazia de sentimentos irreversíveis? De memórias naufragadas em solidão. Nostalgia. Dor. Saudades. Quem será você sem ter aquilo que julgava essencial? Sem ter quem te fazia sorrir desnecessariamente em público? Ou te transformava em um detetive particular 24 horas do seu dia? Como seria, então, perder o que você depositava toda a sua confiança de um 'Para sempre'? Eu gostaria de saber finalizar meus textos, da mesma forma que sei mesclar assuntos diferentes em algumas linhas avulsas, mas como eu disse, eu não aceito finais.
A humanidade está entregue ao caos. As pessoas tendem a fechar os olhos para não serem horrorizadas com o mal que vive dentro de seres deploráveis. O lado negro e obscuro de "gente" doente, perversa, que só tem ódio no coração. Até quando nós temos que ser obrigados a fechar os olhos? Até quando vamos ter que fingir que não reconhecemos que o mundo está afundando em um abismo de ódio e violência? A sociedade é refém dos malditos agressores. Onde está a moral? Onde está a criação? Onde está Deus no coração desse lixo que chamamos de "gente". Mas gente da nossa gente eles não são. Nem seriam. Essa espécie de gente eu desconheço. Tenho repulsa. Como aceitar que o mesmo que mata e destrói tem pele e osso igual a você? Tem um coração batendo dentro do peito? Como entender o fato de não terem remorso, nem amor ao próximo? Não entra na cabeça, né? Nós não somos obrigados a gostar de ninguém, mas o mínimo que devemos ao próximo é o respeito por sua vida. Por essas e outras prezo em mim o direito de não ficar calada, de me manifestar, de ajudar sempre que eu for útil. Do mesmo jeito que vem gente pra destruir, vem gente para ajudar a juntar os cacos. E você, de que lado está?
E um dia você cansa. Sua máscara pesa uma tonelada, e pesaria ainda mais, ousar deixá-la cair. Você cansa de fingir ser outra pessoa, gostar de outras coisas, ignorar o que te interessa. Você cansa de ter que agradar o gosto dos outros, ter que ser aceita. Você se sente insatisfeita consigo mesma. Um dia você para em frente ao espelho e diz: "Essa não sou eu, pelo menos não quem eu deveria ser agora". Você cansa do cabelo comportado, das tatuagens não feitas, dos piercings não colocados. Você cansa de não usar uma roupa mais curta, uma roupa totalmente preta, uma maquiagem forte no rosto. Você cansa de cansar por não ser você e por cansar de não ser, você passa a ser. Viva você!
As vezes o que nós precisamos mesmo é levar na cara pra aprender. As vezes a rasteira da vida é o teu impulso, a motivação que te faltava. As vezes, abrir os olhos e acordar pra vida é a parte mais difícil, mas também a mais necessária. Nem sempre uma decisão tomada ou uma mudança desejada surge de bons acontecimentos, de escolhas tomadas longe de lágrimas. Lágrimas geralmente derramadas por consequência de nossas escolhas. A perda de tempo é um arrependimento voraz, que não pode ser reparado. E sempre que meus pensamentos exalam essa certeza, eu queria ter a oportunidade de voltar no tempo, com a minha visão atual, e assim, ter feito tudo diferente, tudo novo.