Anita Brum
Lápis ou caneta em mãos e qualquer pedaço de papel vira história, ombro amigo, desabafo, casos, acasos e, até mesmo, lembrança gostosa de se sentir. Pois, quando repleto de palavras, o papel, deixa de ser objeto se transformando em mensageiro.
Naqueles dias em que acordamos cedo, e, mesmo com o raciocínio lerdo, acabamos por perceber melhor as coisas.
Percebemos que o sol é mais bonito, no seu início de dia, em plena aurora, quando ele acaba de acordar.. Espreguiçando-se lentamente com seus raios fluindo e acabando por cobrir o céu por inteiro com seu imenso amarelo-alaranjado.
Percebemos o humor das pessoas, inclusive o nosso. A disponibilidade e a interação de cada uma delas. Analisamos desde um ‘oi’, ‘olá’, ‘bom dia’, mas as vezes, infelizmente, não sabemos corresponder e em meio a uma irritação ou animação, exageramos, ou não.
Percebemos nossa agilidade em arrumar as coisas quando estamos com a mente livre e sem especulações próprias, não esquecendo que a vida flui de verdade quando mentalizamos nossos objetivos e vontades, sonhos e desejos, realizações e caprichos, ideias e premissas.
Por fim, percebemos que temos de ser um exemplo de sol, que nasce de novo e não esquece de ser velho a cada nova aurora, espreguiça-se sem medo de irradiar sua luz e, principalmente, tem o que mostrar: seu brilho e luz, próprios.
{Brum, Anita}
Ei, abra os olhos.
Veja, veja, está aqui, presente, na tua frente.
Sim, é ela.
Não vem bordada em facilidades e alegrias, mas vem degradada em momentos bons e ruins que resultam em amadurecimentos e muitos responsáveis pelo que és hoje.
Felizmente, ela não é requintada nem padronizada. Porém, é simples e na sua simplicidade faz brotar sorrisos que tu nuncas esquecerás, e fora de padrões ela se refaz, e faz, a cada dia.
Ei, abra os olhos.
Veja, aprecie, deguste.
Sacie tua sede de necessidades, com o que estás a tua frente.
Veja, é ela, quem te possibilita recomeços, é a v-i-d-a.
Há poucas coisas que deixam um ser humano insatisfeito quanto sentir algo por alguém e se camuflar por trás desse sentimento. Ficar horas e horas rotineiramente apenas lendo e analisando suas redes sociais, revendo fotos, poucas, mas que valeram cada segundo.
Há poucas coisas que intimidam tanto quanto a ameaça de outro alguém se aproximando de você, criando através de brincadeiras e alcançando um status de alto ciúmes detectável em mim.
Há poucas coisas, que entristecem quanto querer correr ao teu encontro e cingir-te em um abraço mas te ver ao lado de outra.
Mas há tantas coisas que me fazem perceber que preciso-te, quero-te, e mesmo tentando fugir, não alcanço forças.
É deprimente, se completar tanto com outra pessoa e.. buscar nele o que só encontro em ti.
Não basta morar longe de pessoas incrívelmente simpatizantes, agora até os importantes que moram perto precisam se afastar?
Há alguma coisa de muito errada nessa lei da vida, se é que seja uma.. Mas pelo menos uma vez na vida isso já aconteceu com 7 bilhões de pessoas, no mundo inteiro.
Estou prestes a acreditar que é como uma ação e reação: pessoas interessantes causam saudade por morarem longe, ou moram longe por serem interessantes. Ou seria ganho e preço? Ganhamos a oportunidade de conhecer e se familiarizar tão bem e, pagamos preço da saudade, cruel saudade, que machuca e faz doer.
É preciso ser forçada a separar-se das pessoas que amamos para só então captarmos a falta e imensa dor que vai nos causar?
Em meio a tantos pensamentos sob uma visão prévia do futuro, me pergunto o motivo real e causa do destino levar justamente quem queremos por perto ao invés de desaproximar quem nos machuca fazendo-nos insatisfeitos com kilômetros que nos separam?!
Fique, sente, vamos conversar. Iremos rir de tudo o que passamos quando víamos passar despercebido os melhores momentos de nossas vidas. Segure em minha mão e vamos percorrer juntos, o que traçamos até agora, e adiante, trilharemos novos lugares a serem explorados, principalmente o mais misterioso e complexo: nosso sentimento.
De muitas, uma entende o princípio de minha vontade. Alias, ela acaba de chegar e espero que não venha ao meu encontro, se é que tem como me encontrar, ferida, doente de saudade, morrendo contigo.. É como se pudesse sentir e tocar minh’alma e… e.. e a vejo sangrando. Num desatino tão grande, onde tudo o que sinto é pintado de mágoa. Desejo que ‘quebre a cara’, vontade de ‘quebrar a minha cara’ por ti.
Mas, quantas vezes você fez o mesmo com outras pessoas? Sinta na pele, e só então, somente irá entender.
A leveza de algumas coisas chegam a atingir através da alma, fazendo assim o resultado: leves calafrios delicados acompanhados de doces arrepios. Mas a pureza delas e a inocência, nos faz o sinistro efeito de fraternidade juntamente com indefesa.
É na pequena e limitada distância que se cria entre uma pessoa e outra que se cria diferenças e também, as derruba. Muito mais pessoas no mundo inteiro, por sua vez inomináveis, julgam, criticam, sendo que muitas vezes não sabem sequer o nome. Sendo que não trocaram nem um mero -Olá- com quem seje. Entretanto, ainda assim há pessoas que chegam a inventar mentiras para tentarem forjar suas ideias e conceitos fúteis sobre os que são julgados.
Pois a morte é como a resposta, que nos mostra e põe fim, e a pergunta sim, é quem nos faz pensar, nos indaga e que nos envolve, assim.
Vírgulas são pausas, para separar, dividir, as frases..
Ah, se soubesse como cada vírgula transforma minhas frases em anagramas com palavras tão obscuras de alguém que, apesar de não admitir e não gostar da ideia, está machucada.
Não adianta falar pros pais, pros amigos, pros conhecidos e até desconhecidos.. Se não falar para si mesmo.
Se for o que do fundo do teu SER desejas, o que tua consciência e principalmente, aquele órgão incrédulo que tanto culpamos.., o coração, desejar então, somente aí, espalhe.
E o que desejas terás de conquistar. Afinal, nada pior do que ganhar. Ganhar é dado, é concedido. Conquiste, almeje, deseje e, possuas!
Tome conta, invade, arrombe, destrave, inunda, preencha..
Porém, jamais tranque um coração e uma mente: não há nada pior que consciências não pensantes e corações que não sabem amar.
Aquelas entrelinhas que não lestes, os pontilhados que não compreendestes..
Pois bem, foram estes que devias ter cedido atenção.
Cada palavra é um enigma em que estas são chaves para abrir hipóteses e caminhos além do que apenas se lê.
Muito além do que se vê, algumas palavras devem ser digeridas: entrarem para dentro de nós, serem separadas o que será útil e dejetar o que em nada nos acrescentará.
Ler é como uma comunhão: divino e por nós considerado tão, comum?!. A real divindade está no que significa e nos proporciona.
Quantas belas frases famosíssimas fizeram pessoas sorrirem e chorarem, quando na verdade, queriam ir além?!
São mentes pensantes, com fome de elefantes querendo ganhar vida, também.
Tattoo ou, popularmente chamada pelos brasileiros de, tatuagem. Não apenas um rabisco, desenho, loucura, desenho, frase.. é uma marca.
Cada traço tem um valor atribuído, um momento que ficou na memória e se estende ao petrificar dos anos, a lembrança intacta que não se perdeu, um erro com que aprendeu ou o sentido que não se esqueceu.
O prazer de ter suas várias marcas em seu corpo, poder olhar para elas e lembrar. Lembrar ao olhar o peso que tem sobre si.
As vezes o maior valor, é o significado.
Eu venci. Eu superei. Eu.
O que foi que aconteceu? Será que teu destino atalhou pra bem longe do meu?
E o que era nosso? Será que o ‘nós’ não existiu?
Ela sorriu, ela sempre sorriu.
Enquanto ele, ia embora.
Mas, a pior parte de ir embora, é não voltar.
Ela sorria, ela sempre sorria.
Em seu quarto, sozinha, ela chovia. Ela trovejava por dentro e enraivecia.
Aprendeu com o passar dos dias, que as vezes quem muito fala, é quem menos sente.
E se viu livre, contente, por ainda ter a si mesmo.
Enquanto ele, ela já nem sabia.
Era primavera.
E ela? Ela sorria.