Anemona Lunar
Do ar, ventos que me levam a novos horizontes...
Do fogo, o calor a aquecer e a luz a vislumbrar...
Da terra, o chão que delimitam caminhos a percorrer...
Da água, a beleza do deixar fluir e a capacidade de purificar...
Do tempo, o poder transformador...
Da vida só recebo, a simplicidade do sorrir, a intensidade do chorar, a capacidade do sentir... E o ato privilegiado do Viver!
Meditando...
Entreguei-me a reflexão de mim mesma...
Parei o tempo...
Senti todos os processos físicos...
Vivenciei todos os processos mentais...
Até que por fim...
Encontrei-me com meu mais profundo ser...
Ser sagrado, esquecido, mas persistente a minha espera...
Como um velho amigo, relatei todos meus sentimentos mundanos...
E como uma luz divina existente em mim, que até então não sabia existir...
Purificou-me destes sentimentos...
Momentos de profunda comoção...
Mas, como o tempo fora de mim ainda existia... passaram-se os 60 minutos da meditação...
Ao abrir os olhos, percebi que não havia perdido a conexão deste ser habitado em mim, foi então que constatei, este ser sou eu...
Em toda minha vida, até aqui... vivi como uma máquina ligada ao automático...
Com atos e pensamentos impulsivos vindos na minha máquina que é denominada corpo...
Tudo o que provem desta máquina são puramente instintivos... são completamente o externo...
Não vem deste ser que somos nós realmente, a Alma...
Que deriva do anima...o principio que dá movimento ao que é vivo...
Por tanto, é de onde deve vir as ações, os pensamentos e sentimentos...
A alma é o que somos...
De dois seres habitando um mesmo corpo... agora passamos a formar um só...
A vida está cercada de mistérios...
Eleva minha sede de saber, de descobrir...
O mistério é a magia... é o impulso...
Sejamos bem-vindos aos véus... todos...
Sejamos bem-vindos ao mistérios...
Ao doce e amargo da imaginação...
Eis que chega-me um ianque...
Percorrendo caminhos desconhecidos em mim...
Desbravador de outros mares íntimos....
Chamo-o de ianque por não estar acostumado comigo...
Este estrangeiro descobriu-me...
Retirou o meu véu...
Deixou os mistérios mais plenos de sentido...
Aumentou em mim quem sou...
E retirou em mim quem já passou...
Deixou a vida repleta de todo mel que eu ousaria querer...
Meus primeiros passos em direção ao (des)conhecido...
Um horizonte de beleza estonteante...
Mas não tenho pressa...
À minha frente, tenho o infinito e sou eu o construtor desta jornada...
Com essa imensidão me vejo sem limites...
Não quero um objetivo nesta caminhada... quero apenas a trilha e dela retirar a sede da conquista...
Passo a passo, me encontro a caminhar...
Com essa infinitude em minha frente não há retorno, não questiono o que se passou...
Se olhar para o lado e você estiver caminhando comigo...
Abrirei logo um sorriso, te oferecerei minha mão para andarmos juntos...
Frente a um mundo...
Que se abre a cada segundo...
A cada andar, sem querer chegar a um fim...
Quando nossos olhares se cruzaram e chamou-me para junto de ti...
Sem contestar eu vim!
É chegada a Lua Cheia...
Três peregrinos colocam-se a dançar...
Dançando a lua...
Movimentos serenos, sob o céu estrelar...
Amantes da música começam a cantar...
Cantando a lua...
Cajon, pandeiro, mão e pés...toque lunar!
Vozes como canto da sereia a ecoar...
Atraindo milhares ao espetáculo do luar!
Quem é você?
Que cruzou meu caminho...
Diferente de todos aqueles que o percorreram...
Caminheiro de outros tempos...
Carrega contigo a bagagem da harmonia e da paz...
Quem é você?
Que despertou em mim o desejo de conhecer-te...
Que invade minha mente em momentos oportunos...
Quem é você?
Que quando presente...provoca em mim um estado de leve acanhamento...
Com seu olhar intenso a descobrir-me...
Quem é você?
Que mal conheço e pareço conhecer há muito?
Que conduz uma felicidade irradiante...a espalhar por um mundo...
Que movimenta em mim, diferentes sensações...
Enfim, eis que surge em minha vida, um anjo, a iluminá-la, mas principalmente à minh'alma!
Me sinto em um lago sereno...
Onde não há agitações...
Apenas a calmaria...
E a brisa de tão suave, leva as borboletas a repousarem sob as folhas que caem no lago...
Um certo mistério...
Todo a tormenta passou?
Ou será apenas o olho do furacão?
Uma serenidade estranha?
Ou será que não me acostumei à tranquilidade que a vida as vezes revela?
Um constante pensar sobre tal questão.
Mais uma vez, o silêncio invadiu minh'alma...
Meu corpo pede...
Minha mente implora por silêncio...
É sempre um prazer viver este momento...
No silêncio eu me descubro...
Descortino a oportunidade de navegar em meio ao mar interior...
No silêncio, as fantasias se vão... restando apenas o meu eu...
Todas as armadilhas da mente me levam a uma profunda inquietude comigo mesma...
Menos decisões, mais reflexões...
Menos tumulto, mais calmaria...
Hoje, quero ouvir a linda sinfonia do meu eu interior...
Não tenha medo do silêncio.
Ele é a sua voz ecoando sem ser ouvida por quem realmente deveria.
Você!
Em qualquer lugar...
Aqui, ali, acolá...
São tantos pedaços de mim...
Que só em retalhos consigo juntar...
É você...
É o ato de te conhecer...
Agora que pertencemos a este mundo...
Consigo te observar mais a fundo...
Quem és?
A pergunta que não quer calar...
É uma inquietude que não consigo evitar...
Quem és? Repito...
Descubro além do que foi dito...
Sou eu...
Aquele alguém que ficou escondido no breu...
E que agora deseja sair...
É agora...
Vou me despir...
De tudo aquilo que já não me pertence mais...
Do que é passado...
E foi deixado pra trás...
Mas marcado, como memorial pintado!
Que já não afeta...
Apenas projeta...
Um novo agora!
Em pensamentos, veio-me memórias do mar!
Lembrei-me da liberdade que o mar tem de ir e vir!
De ir e vir a ser!
Que na alma se pode ter e que devolve-nos a nós mesmos.
Ser quem somos. Fazer o que quisermos. Mudar de ideia, voltar atrás.
A tal liberdade que nos liberta das correntes da sociedade, fazendo-nos enxergar.
O mar, com seu vai e vem, carrega em si o mesmo dom que as mudanças trazem em nós.
Vai e vem, vem e volta, volta e meia, vem e traz!
Traz o sentido do recomeço a cada instante.
Recomeço que não se expressa como um retrocesso, mas como nova oportunidade.
Outra possibilidade!
Nossa alma é como o mar...
Um avançar frente a cada nova chance, a cada nova porta a se abrir.
Volta-se para dentro de si numa busca insaciável de autoconhecimento.
Conhecendo ou reconhecendo a si, serás capaz de permitir que seu eu sobressaia a qualquer tipo de representação de eu que constróis para a sociedade.
Do autoconhecimento, surge a aceitação, de si e do outro.
Uma reconciliação consigo e com aquele que o afeta, assim como as ondas fazem com o mar o tempo todo.
Devolvo-me a mim mesmo a cada nova onda.
E devolvo ao outro todo sentimento obtido da experiência do conhecer.
Lembrando do mar...
Ele me mostra todas estas coisas que durante o dia eu não soube ou não me permiti perceber.
É preciso silêncio diante do mar.
Mesmo e principalmente, se este mar for mental.
Um olhar tranquilo, mas atento.
Um fechar de olhos, vez ou outra, para internalizar os sentimentos.
Sentir a brisa do mar tocando o rosto e penteando os cabelos.
Momento em que a minha alma tem total liberdade de ser quem é.
De receber a si mesma!
Entrego-me a mim!
A reconciliação que o mar me convidou a fazer.
Oferenda realizada para a vida que carrego dentro de mim.
Nossa alma é como o mar.
Precisa paciência, demora e recomeços o tempo todo.
Precisa de liberdade para alçar voo e sonhar.
A liberdade de ser e viver.
Viver esta vida que a gente carrega por dentro....
Nasce mais uma noite iluminada pela lua...
Vem a lua mostrar seus encantos...
Vem a lua com todo seu mistério...
Movimentar o mar...
E mover águas internas...
Vem oh lua bela...
Representar as profundezas do meu inconsciente...
Com suas quatro fases...
Vem oh senhora dos sonhos...
Com sua influência branda e gentil sobre o descobrir de minha sombra interna...
Vem oh lua...
Fazer-me conhecedora de sua magia...
Que és um fenômeno transcendental...