Andreia Costa
Aprendi com você a quebrar o aquário e enfrentar o desconhecido, a não me omitir diante daquilo que a outros olhos parecia loucura ou errado, e esse foi o maior o presente que você me deu, essa chance de entender a vida como ela é, com suas verdades e mentiras, alegrias e tristezas, a valorizar as coisas simples e encontrar nelas a riqueza que se precisa para ser feliz.
E foi assim que chegamos até aqui, se isso quer dizer que estamos no lugar ideal, eu não sei e talvez a gente nunca descubra, porque essa não é a nossa real busca. Pode ser que não seja para sempre, que não pensemos muito sobre isso, mas quem sabe não pensar nisso seja o caminho mais fácil para sê-lo.
As vezes é preciso silenciar, ouvir a solidão, preencher-se com a própria presença do vazio de si mesmo. É como zerar os contadores do tempo, as marcações e os ritmos.
Apenas deixar de ser o que já não cabe em si, preencher-se de vazio, ouvir o silêncio e deixar invadir-se novamente.
Esses Dias
Eles estão ali
Em longas filas de tempo
Esses dias que ficam
Esses dias que passam
Eles estão ali
Em longas filas de mim
Esses dias de presença
Esses dias de solidão
Eles estão ali
Em longas filas de nós dois
Esses dias de você
Esses dias de mim
Eles estão ali
Em longas filas de escuridão
Esses dias de incertezas
Esses dias de inconstâncias
Eles estão ali
Em longas filas de despedidas
Esses dias de partidas
Esses dias de lágrimas
Eles estão ali
Em longas filas de esperança
Esses dias de te ver
Esses dias de viver
Eles estão ali
Em curtas filas de amor
Esses dias que te trazem
Esses dias que te deixam aqui...
Anoitece II
Anoitece a vida e a tua ausência me consome
Perco-me entre as horas que insistem em não trazer - te
Anoitece a tua voz e não ouço nossa canção
Perco-me em lágrimas e encontro a solidão
Anoitece a saudade que dia não levou
Perco-me entre meus fracassos e desilusões
Anoitece o amanhecer que a noite não trouxe
Perco-me no horizonte da saudade, linha tênue das paixões
Anoitece, anoitece...
Anoitece a vida da paixão que me deste
Anoitece a saudade que dia não levou
Anoitece a canção que tua voz não cantou
Anoitece o amanhecer que me deste em teus braços
Anoitece a esperança do meu coração apaixonado
Anoitece as estrelas do meu palco iluminado
Anoitece o meu desejo da vida á dois tão sonhada
Anoitece a perfeição dos meus planos
Anoitece o horizonte das paixões
Anoitece a paz vinda dos teus braços
Anoitece a sensação de pertencer-te
Anoitece o amor que achei receber de ti.
Anoitece, anoitece, anoitece em mim...
Vazio
Trago a mala vazia
Oh! Ingrato cavalheiro
E por que deixaste partir
O sol que te iluminou por tantos dias?
Por que injustiças
A leiga na arte de esquecer-te?
Subiste ao topo da montanha
E por que não regressas
À base humilde que te ama?
Não enxergas meus olhos nublados?
É a névoa da mágoa que cerca meu
Mesmo que solidão presencie teus dias, minha luz, tênue e fria, tocará tua pele e então silenciosamente estarei contigo.
Presença e Solidão
A presença dos dias
E a solidão do tempo
Arrastam a lembrança
Da paixão perdida
Do adeus presente
Na solidão dos dias
Na presença do tempo
...E de tanto morrer de amor, ela viveu... Consagrou o ser amado, sobreviveu ás lâminas afiadas da traição, banhou seu corpo com chuva de lágrimas, enxugou-se com migalhas de amor recebidas. Ela vivia... E morria um pouco todos os dias... Certa vez quando na atmosfera de seu amado, ela respirava e flutuava, pois era assim que vivia, ouviu uma canção que não fora feita para ela e então nada mais a pertencia.
Sem poder levar consigo a atmosfera de seu amado, a qual a sustentava... Ela seguiu, sabia que o ar lhe faltaria, sentia partir de um lugar onde na verdade nunca a pertenceu, levou consigo um punhado de sonhos era tudo que lhe sobrara de uma vida não vivida...
E vivendo de morrer de amor ela continuou seu caminho, estava cansada, sentia arder os golpes da lâminas afiadas, sangrava, sentia frio e ja não respirava... Abrigou-se sob a escuridão da solidão, não tinha forças para voltar... tudo o que queria era enfim libertar-se daquela dor que a acorrentava.
Ela se foi e não mais voltaria, pois morreria de tanto viver de amor...
Tem certos dias que a única coisa que você encontra em si mesmo é a certeza de que fez sua parte com coerência, dignidade, amor, competência, resignação... e não importa se tudo mais ficou perdido ou esquecido pelo tempo, basta apenas que reconheça que fez o que devia ser feito, e que fez com louvor. É inevitável no primeiro instante que se questione por que não deu certo ou até mesmo onde errou, que se julgue fraco ou covarde por não ter lutado mais e que se pergunte se uma vez lutando mais até quando ou quanto seria o suficiente. Eu ainda não aprendi a não me culpar e me cobro pelo que não fiz, mas já consigo enxergar a certeza de ter feito minha parte e que se isso não foi o suficiente, então isso foi o que pude deixar de mim, foi um pouco do que sou e tudo que ainda posso ser.
Pai, a saudade que sinto não cabe aqui.
Essa saudade que insiste em doer, em dizer que você já partiu, que não cala e não cessa jamais...
Essa saudade que não é maior e nem melhor que o amor que deste, nem mais presente que as boas lembranças que tenho de ti, apesar do pouco tempo que passamos juntos.
A saudade, pai, que eu engano todos os dias com a certeza de que de alguma forma você ainda continua por aqui... Feliz Dia dos Pais!!
Quando você não está comigo
Eu adoeço, fico impaciente, inconstante
Perco a referência de muitas coisas
E a fé no amor.
Quando você volta
É como um renascer
Naquilo que eu acredito
Um encontrar daquilo que eu gosto de ser.
Mas se você precisa ir sempre, vá
Só não me tire as canções que eu gosto de ouvir
Não me tire essa verdade inventada
Que insiste em dizer que me ama.
Quando você me ilude
Eu vivo mais feliz
E é bem possível que eu te ame
Por toda a minha vida...
Tem dias em que tudo o que se quer é ser feliz, mas já é noite e só restou um vazio e algumas lágrimas... isso precisa mudar...