Andre Wade
Uma hora alguém toca fundo nesse teu coração frio, pequena.
Uma hora alguém olha e te diz: Ei, agora eu tô aqui.
Dizem que se você ama alguém, você deve deixá-lo ir,” ele começou.
“Eu sei que é clichê,” ela exclamou, “mas isso sempre soou meio verdadeiro para mim.”
“Eu sei”, ele respondeu: “mas eu discordo. Acho que se você ama alguém, você deve fazer tudo para não deixá-lo ir. Eu não vou deixar você ir.
Fecho os olhos, e fim – finjo não, já não preciso. Preciso sim, preciso tanto. Alguém que toque fundo, que derrame o amor sobre mim. Que queira sorrir, tocar, sentir. E vez ou outra diga baixinho: eu sou teu outro-você e quero adoçar tua vida, meu amor. Ah, imenso amor desconhecido. Te quero tanto, te preciso tanto. Finjo um futuro e invento tudo só pra te sentir mais perto. Sem lonjuras, sem distancias, bem juntinho: euevocê. Como se nada mais no mundo importasse, como se nada mais no mundo fosse tão. Ou mesmo perfeito, por assim dizer.
Penso tanto em você (que eu tanto amo e nunca encontrei). E quando penso, sorrio, e te amo, e rezo, peço baixinho que me encontre, porque eu te espero tanto.
E você que sempre precisava de mais, e queria mais – e procurava. Sem se preocupar em olhar para o lado e ver que, talvez, já tivesse tudo.
Tentei tanto caminhar, tanto seguir um novo caminho que não fosse você, que consegui. E que não soe desastroso, meu bem, mas esqueci. De você. De mim. De nós. Esqueci.
Porque apesar do seu jeito durona, você é tão frágil, tão leve, tão solta, tão: tudo que eu sempre quis.
Eu te escrevia com tanto amor. E eu até esperava resposta. Na verdade qualquer coisa servia, até um papelzinho besta, descolorido, com um rabisco pequenininho no fundo escrito: eu li. Porque o que machucava era o silêncio.
“Minha vida é um deserto, Zé. Todos passam, ninguém fica. Já acostumei. Como é mesmo? Ah! lembrei: “primeiro a chegada, depois a partida.” – meu Deus, Zé. Sempre a partida.”
“Você sabia”, ela perguntou com uma voz gentil, “que quando você olha nos olhos de alguém, você pode ver quem eles amam?” — E então, olhei fundo em seus olhos. E no meio de tanta luz e tanto brilho, não pude fazer o menor esboço, Zé. Eu me vi.
Você vai sentir minha falta?” ela perguntou, olhando de lado, meio que sem jeito. “Cada segundo de cada dia”, respondi com um sorriso e ela também sorriu.
E eu continuo como sempre: esperando alguém que me cure, que me suporte, ou que simplesmente não se importe tanto assim.”
Um dia a gente aprende que as coisas - e pessoas - vêm e vão, e que é bom você se acostumar com isso, principalmente com as idas.