André Luz Gonçalves
Lasciva, bem mais que carne viva
Olho da vontade descabida
Rasgo do vestido vai até o canto da boca
Louca assumida, arrasa quando passa, cheiro de atrevida
Na pele registros, marcas, roxos, casca polida exibida
insegura se assegura dominante do vento levante
Amarga e formosa menina.
O desamor é sem cheiro, o desamor é sem gosto, o desamor é branco sem brilho, o desamor nasce no diafragma e não tem vida.
Na minha estante de menina tem cores brilhantes,
nobres amantes e esquina.
Depois de certas manhãs, certas manhas de menina.
Saia e alcinha.
Vinho de camomila
nessa fronha em que eu deitei dormi
eu fiquei pensando se ela estava cheirosa
depois percebi que o cheiro era do vinho
que a rua tomava com ela
numa taça feita de espera
Quando for prefeito do mundo,
vou pôr o amor nas matérias obrigatórias de todas as escolas!
Darei certeza aos indecisos,
Calarei os malditos.
Beijarei Deus de surpresa!
De toda tristeza farei a lei do poema!
Vou te dar um perfume cor de sangue
Com cheiro vermelho
Frasco sem tampa de desejo
Que combina com seu espelho.
Eu sou saudade
Feito um samba que ainda não está pronto
Mas se canta há muito tempo.
Cheio de lembrar.
Compraria suas coxas
Roubaria seus seios
Tomaria sua boca
Arrancaria seu olhar
Lamberia sua nuca
Pegaria suas ancas
E me levaria embora.
Feliz se dá de...
Sensível e delicada, absolutamente efêmera. Alegria só se mostra depois que vai embora.
Vendo poesia
Pode pagar-se e sentir-se
Com panela e caldo no barro
Da cara magra da gana,
Ou fome na mão do palhaço
Vendo versos
Imensos em mim imersos
De imagem na palavra eu tenho um bom
Que seu olho pode pagar, onde ler alcançar.
Alugo sentidos
O tempo de ternura é bom
Dura mais que um suspiro
Tenho mais céu que o chão
Venha ao brechó em poemas
Alguns amarelos, mofados ao pó
Alguma coisa rara, pouca cara
Se encantar me aproveita fazendo outro nó.
Dor não tem vento
Enruga, rusga, inflama o drama,
Tormento enfrenta o corpo.
Ossos desmancham, esmagam,
Carne sem pedaços, pele repele e desfaz.
Sentimento primário,
Ofende o sorriso ofertando lágrimas
Trata de dizer que o tempo é infinito
Rasga a saudade do sossego
Trepa com a morte e sangra
Ao trauma físico,
fino sabor de punhal
Arromba a prece que valha
Traga a cura e se entupa de juras
Até nunca mais voltar