André D' Soares
No funeral,
Quando meu rosto
Estiver para o teto do caixão…
Por favor, não jogue flores em mim.
Jogue todo o amor que você economizou
Quando eu estava vivo.
Do livro “Poesias que escrevi com fome”.
SÓ QUANDO LIMPARMOS
Só quando limparmos
Todo o entulho que há
Em nosso caminho
Poderemos nos abraçar de verdade.
Quando acabarmos
Com esse truque idiota
De omitir o que já é sabido.
Tudo que quero, meu amor,
É comprar uma Kombi,
Abri a porta do passageiro
E dizer para si:
“Suba, baby, vamos para o Sul
Ao som de Jimmy Cliff”.
Já consigo enxergar a estrada.
Consigo enxergar você, meu amor;
Com a cabeça encostada
Em meu ombro enquanto dirijo.
“Deixe a amante dentro de você
Tocar o amante dentro de mim.
E o rebelde dentro de mim
Tocará a rebelde dentro de você,
E os amantes que seremos
Trarão doce harmonia”.
Mas só quando limparmos
Todo o entulho que há
Em nosso caminho
Poderemos prosseguir…
