André Anlub
Na geografia do teu corpo, passo o mais ardente compasso.
A cada traço, uma fronteira ultrapasso. Ao findar o que faço
limpo toda a sua tez e faço tudo outra vez.
Encontra-se num orbe longínquo, meu ego prófugo e inútil. Degredado pela poesia, encalçado pela humildade, pois sendo maior de idade... bateu em retirada, ferido e cansado da vida.
Tragam vozes e resmas, tragam versos e temas, porque meu amor pela praia passeia.
Na orelha carrega uma açucena, emoção é plena.
O coração tá sereno e o olhar tá sereia.
Se ser feliz é clichê, largue seu crochê, pegue seu crachá, se sinta em uma creche, bebendo uma Crush e ouvindo The Clash.
“Medo de ser feliz”, isso não é verossímil. Não existe o invencível! Se a tristeza persiste, me persegue e não desiste, ponho meu dedo em riste, pois, se é preciso temer algo, tenho medo é de ser triste.
A finura precária faz o homem sensato criticar a todos, a mediana faz o homem sensato criticar a si próprio e a abundante faz o homem insensato a permanecer calado.
Acordei com uma lágrima, no sonho bem claro o rosto, de pronto sorriso me olhava, amigo de praias e farras, que o vento levou sem aviso, deixando a doce lembrança, momentos que não amarelam e regam o verde singelo desse jardim da saudade.
Agarre-se na dopamina, se dope do casto e verdadeiro anseio, arrume um meio de dobrar essa esquina e depois retorne a rua calma da sua história.
No relacionamento, a queda nos abriga a levantar a cabeça e reconstruir com paciência cada passo, cada tijolo, cada pecado e cada inocência... Erguendo-se mais rígido e harmônico com o cimento da convivência.
A vida só é cruel para os inermes, que fazem tempestades em copos d’água, vivendo nas podridões como vermes e fazendo respiração boca a boca em suas mágoas.
Brinco - choro - rio
enxoto pra longe a morte
com sorte ela vai e não volta
impossível é perder o meu brio.
Queria mesmo era ver o mundo
cicatrizando os seus cortes.
Será que sou anti-herói filósofo?
Que tem a cabeça dura de pedra
de frágil esteatito.
Que tem perigosa peçonha
e usa para criar o antídoto.
Que tem o coração guardado
a sete ou oito chaves
mas deu cópia aos amigos.
Dê-me seu melhor sorriso. Aquele intenso, meio sincero, todo lero, mero siso. Que mexe com meu brio, benevolente e incandescente, que eu admiro.
Deslumbro-me vendo o sol nascer no mar e se pôr nos campos. Mas também pode ser o oposto!
Pensando bem... de outras formas também acho majestoso.
Disfarço e não vejo meus textos sem nexo, os sonetos sem rima de um sentimentalismo perplexo. O meu ser já perdeu a transparência intacta, sendo um homem de lata, sem coração nem reflexo.
É com você meu excesso! Cada rima faz a lima que esculpe, cada lume é o grito na ideia. A sina e a saudade tomam a forma que apetece. O blá, blá, blá de normas e métricas, já tarde, falece.
Engatinho na escrita e na arte, feito criança sapeca, levada. Vou de encontro ao bolo ou a bola, entro de sola. Mergulho no sonho, totalmente cego e sem ego, sem pretensão de ser nada.
Entro no seu “eu” mais íntimo, descubro sua carícia preferida, suas orações proferidas, seus gestos, seus sexos, seu ritmo.
Fotografei a vaidade na antiguidade saudosa. Num 35 mm revelo o verso e prosa. Fiz foco no amor verdadeiro, fiz macro nos pequenos detalhes. Vendo na semente uma rosa e na gota d’água meus mares.