André Alves de Lima

Encontrados 5 pensamentos de André Alves de Lima

Alforria

Não me peças pra calar-me à tua fera
Nem que sejas para ti contentamento
Meu amor é felino, tu bem sabes
Na tua vida não serei aditamento

Áurea flava zombeteira me sequelas
Afrodite, Psiquê e tantas outras
Em silêncio veleidoso me revelas
Mais que beijos matinais de outra boca

Como bicho que sou, e tu já sabes
Meu ciúme não terás um só momento
Se estou preso a ti é por vontade
Da tua pele, do teu toque e teu alento

Inserida por Poetizando

Diáfano

⁠Meu amor é tudo isso
E não carece devoção
Casmurro, teimoso, afincado,
Verdadeiro, honesto e alado,
À procura de afeição.

Mas tu não o recusaste,
Degenerando um sentimento.
Escolheste ser presente
E mais que ter, me fez atento

Divisou além do olhos,
Aproveitou o ensejo.
Compersão que nunca finda
De amores que nunca rimam
A tanger nossos desejos

Inserida por Poetizando

Rua Ana Baiana

⁠Não sei quem é mais linda:
A canção, a lembrança, a menina.

Da canção, aprazimento
Da lembrança, felicidade
E a menina, que coisa linda!
Canta e toca alteridade

Canta Caymmi e o vatapá
Com sal, gengibre e camarão.
Vem acalmar os sentimentos
Demover o desalento
E afagar o coração

Inserida por Poetizando

Animal Doméstico

⁠Quando às vezes me recordo admirado
Do deleite dos encontros casuais
Ponderava uma vida despojado
Dos amores e paixões de calmaria

Em meu âmago de afetos ilibados
Renegados em meus dias perspicaz
Postergava apegos inacabados
Passeando entre o lirismo e a boemia

Do encanto dos casais desavisados
À ironia do entendimento tão fugaz
Desguardei o sentimento resguardado
Mais que insulto ao amor, eu proferia!

Sem notar que já tinhas me domado
Fui cativo em teu colo tão voraz
Não previ que tal amor era meu fado
Há quem viva sem amor, à revelia?

Inserida por Poetizando

⁠(Ser) tão

Quando, à tarde, o sol risca o céu de encarnado
E a vida debreia seu ritmo normal
Vejo advir um ser tão bonito
Com um jeito sincero, de um povo sereno
Onde falar sorrindo é tão natural

Ser tão realista, da cerva trincada
Do banho de rio, da alma lavada
Que pede conselho e não desafina
Como sanfoneiro em festa junina

Um ser tão livre, que anseia por mais
Que nunca desiste e não volta atrás
Mas luta e persiste, pegando a estrada
Na mala um sonho, sem rumo, sem nada
Qual flecha atirada, não voltam jamais.

Inserida por Poetizando