Andersson Ponciano
E ali estou eu ainda acordado
Ouvindo o som das ondas
Aquilo me batia forte no peito
Me fazia lembrar de você.
Aquele vinho tinha gosto de sangue na minha boca
Eu celebrava minha tristeza com aquilo
A fumaça de meu cigarroofuscava meus olhos
Tudo era tão sem sentido naquela noite.
Eu buscava refúgio em alguma coisa
E me joguei com intensidade no álcool
Ali eu escapava por algumas horas
Mas logo em seguida já me via sóbrio e perdido.
É apenas minha terceira taça de vinho e me sinto embriagado, ou será a tristeza?
Meu cinzeiro nem levou meu cigarro direito
E só para constar, é mais um sábado a noite sem você
Hoje sinto minha maior sequela
Aquele vazio que você deixo aqui dentro de mim
É uma saudade absurda que carrego comigo.
Eu achava que essa ressaca passaria na manhã seguinte
Mas não passou, nem nessa e muito menos na outra
E já é quinta-feira...
Maldita ressaca essa que se chama saudade.
Sempre que eu fixava em seus belos olhos
Eu enxergava um universo que era só seu, mas que eu fazia parte
E hoje eu me pergunto, por onde anda aqueles olhos verdes.
Essa tua pele morena me fazia delirar
Eu despertava desejo nas curvas do seu corpo
E você sabia o quanto eu te desejava por inteira
Mas só tive teu prazer.
Vivia noites de boemia
Beijando outras bocas e se perdendo em outros corpos
Mas sempre na manhã seguinte acordava sozinho na cama.
Tive tantos amores ao decorrer do tempo, mas nunca aprendi a amar
E assim eu colecionava rostos, gestos e prazeres.
Na maior parte da noite, eu revirava páginas e páginas de um passado
E cada página revirada haviam vestígios seus.
E pensar que ela gostava do gosto da minha boca,
com aquele aroma de cigarro misturado com uísque barato.