Anderson de Menezes
Um soco secular
sacode a tua.
Atua na minha cabeça.
Cabeça que não quer
outra cabeça pra pensar.
A fome é secular,
a sede aqui não cala,
não para de falar.
A sede seca aqui, mas
não seca lá.
A fome aqui não para,
não para de falar.
A fome é de secar,
cercada em ser cada,
Poço que nunca seca,
passo que quer chegar
sacode o corpo, temos
o ritmo, tons, tambores
o som do povo, soco popular.
Um soco secular
não cala na minha cabeça,
Circula nela feita pra pensar.
Um soco, um saque,
um cerco, um ciclo,
um circo de socorro cego
um soco secular.
FLORES RARAS
Toda mulher é uma
Rosa disfarçada.
Uma Rosa em desafio
quando é desafiada,
desafia a qualquer bravio
pelo brio da navalha.
Seu navio se torna vil
em toda e qualquer batalha.
Toda Rosa é uma
Mulher disfarçada.
Uma Rosa é delicada,
mas quando maltratada,
sua alma é rebelada
em seu espinho que retalha
Quando arremessado se torna vital,
em torno de qualquer coração de metal
de todo e qualquer canalha.
E todo e qualquer mortal,
tem sua alma metralhada,
tem de espinho sua mortalha.
AMÉRICA SELVAGEM
Não ofereço aos cães flores.
Eu como na mesa com os professores
da dor, dos desbravadores do sol
desvendadores da noite,
dos sem coberturas e dos sem cobertores.
Não faço ofoferenda a Deuses fúteis,
são barcos perdidos em uma nau frágil.
Não creio no crivo dos criadores de ruídos, sem se quer ouvir os silêncios,
eu sei da lâmina afiada e cega que norteia
A minha América selvagem.
Me abrigo do infinito
Sem ele sou todo grito
Com ele sou todo grato.
O tempo não tem fim
Em mim só há espaço.
Risco é lâmina de ferro
que desafia
outra lâmina de aço.
Quem não desafia
jamais será desafiado
perderá o tempo
do infinito das coisas.
Entre as notas, existem espaços chamados de "pausas" e devemos perceber a importância do silêncio para que se tenha harmonia. Tanto na música, quanto na vida.